Havia uma guerra e eu precisava me preparar para participar na segunda chamada. Minhas habilidades (?) eram úteis e não dava mais para eu ficar sentada esperando tudo terminar.
Eu fui me preparar, coloquei as roupas necessárias, peguei meus acessórios e armas e fui a caminho do regimento pré determinado. Honestamente, parecia algo meio RPG, porque aquilo estava longe de ser farda.
Pelas ruas, passei por uma locadora. Entrei e comecei a observar todos os filmes e jogos que deixaria de assistir e apreciar caso não voltasse com vida. Fui à parte de filmes antigos e comecei a chorar ao ver todos os filmes e desenhos que marcaram minha infância.
Enquanto secava as lágrimas, escutei um barulho e olhei para a direita. Era você!
Você ficou espantado ao me ver com o uniforme e me perguntou o que eu estava fazendo lá e porque estava vestida daquele jeito e eu disse "não posso mais ficar parada enquanto pessoas estão morrendo. Se eu posso ajudar eu tenho que ajudar e ajudarei." Seus olhos ficaram arregalados e brilharam um pouco graças as lágrimas que começavam a surgir somado da iluminação do local.
Então, você me chamou para dar uma volta e, virando a esquina, você ficou parado segurando firme meus dois braços e me olhando fixamente. No momento, fui em sua direção tentar te beijar, você foi para trás e disse "Não... isso é algo que eu quero fazer." E você me beijou e me abraçou tão forte, tão forte como da última vez que nos vimos.
Mas a sirene tocou. Todos que foram escalados deveriam comparecer ao regimento. Eu não queria sair de seus braços e você não queria me soltar, mas eu tive que ir. O regimento (que ficava a uma quadra de distância da locadora) estava começando a lotar. Com várias pessoas ocupando as mesas enormes (cerca de 100 lugares em cada, no mínimo), todas aflitas, conferindo os pertences de suas bolsas, suas armas e eu só querendo estar no lado de fora, com você.
Tive que me recompor rapidamente, afinal, eu seria importante para a missão. Então sentei com algumas pessoas e começamos a discutir sobre as possíveis táticas a serem utilizadas.
Quando saímos de lá em direção aos ônibus, você apareceu. Com uma rosa vermelha na mão e uma pequena caixa de presentes na outra, vocês as entregou e saiu correndo.
Eu fiquei parada, perplexa. Eu queria me despedir, mas não te encontrava. Procurei por muito tempo, mas o ônibus estava de partida e tive que subir. Comecei a chorar. Não conseguia mais pensar em nada.
Resolvi abrir a caixa, nela havia uma carta que estava escrito o seguinte:
"Eu fui um tolo. Tive você por perto por tanto tempo e só demonstrei o que sentia quando já era tarde. Não deixe de cumprir com seus objetivos por mim. Não sou digno de pertencer a você. Eu quero que você faça o que tenha que fazer e saia vitoriosa. Não faça as coisas por mim, mas faça-os por você. Sei que agora não adianta mais, mas queria que você soubesse que eu te amo!"
Como eu decorei isso? Eu passei o resto do sonho lendo e relendo essa carta e, quando acordei, por alguns segundos, desejei do fundo do coração que seus sentimentos fossem reais.