sábado, 18 de abril de 2015

E o que faremos, Sechzig?

Chegou um momento que eu não sei mais o que sentir.

Muita gente acha engraçado, curioso, até mesmo proposital, quando eu falo que torço por um time da segunda divisão da Alemanha. Eu não posso simplesmente falar "Ah, torço pelo Sechzig!". Falar isso acarreta um monte de perguntas como "que time é esse", "como você conheceu", "desde quando torce", "por que esse time", "você não tem mais o que fazer da vida", "você não gosta de ganhar", "é zoeira, né". NUNCA ninguém respondeu "ah, ok". Essas perguntas sempre estiveram presentes e sei que sempre estarão. Legal que para vários times europeus, ninguém pergunta isso, é "qual o seu time" e pronto.



Eu sempre respondo "é meu time", mas não é suficiente. Acham graça, fazem festa porque está na segunda divisão. Ninguém pergunta "como é", "como acompanha", "o que é jogar uma segunda divisão". Ninguém quer saber isso. Só pensam em vencer, vencer e vencer. Uma derrota já abala a todos e deixam-os irritados e insuportáveis. Imagina se tivem que passar por uma temporada com apenas seis vitórias, eu acho que muita gente desistiria, de verdade, ainda mais se tivesse que acordar muito cedo no final de semana, quem tem pique para acordar sabendo que o mais provável é que o time perca? Não é para todo mundo. É para poucos.

Muita gente joga na cara que estamos na segunda divisão. Ninguém sabe o quanto isso machuca ou o quão difícil é. Imagine o time que você ama não ter a capacidade de ficar entreos 18 melhores times da Alemanha. São 18, não são 6. E não conseguir subir desde 2004/2005. Ninguém sabe o quão doloroso é botar uma fé em cada início de temporada e falar para si mesmo e para os outros "é dessa vez que sobe" e não, e só piorar. Ninguém sabe como é ruim perder talentos e os jogadores que fazem a diferença. É difícil ouvir de um jogador que ele ama o time e torce pelo time, mas que simplesmente não dá mais para ficar porque o time não sai do lugar.

A nossa falta de elenco é tanta que jogadores de 2008/2009 fazem falta. Jogadores que ficaram apenas uma temporada. Jogadores que sabemos que não vão voltar. Nós temos hoje Okotie, com certeza ele irá embora. Ele é jogador de primeira divisão e de seleção. Ele não tem porquê ficar aqui e ele não merece isso.

Hoje estamos a um passo da terceira divisão. Ainda faltam 5 rodadas, mas não tem um torcedor com esperança mais. As partidas mais fáceis que iriam nos garantir uma posição legal na tabela, em 7º 8º lugar, de seis delas, vencemos só duas. Eu não entendo porque jogamos MUITO contra o Ingolstadt. Jogamos MUITO contra o Greuther Fürth. Mas ai pegamos um Erzgebirge Aue, um Aalen e não conseguimos fazer nada, jogamos de forma ridícula. Eu não entendo.

Só um milagre para nos tirar dessa situação

Mas apesar de toda dor, toda tristeza, todas essas lágrimas que não param de cair, engana-se quem pensa que eu vou deixar meu time. Eu o amo! Ele é meu time, mais que qualquer outro. Eu sou uma leoa. E por mais fundo que seja o nosso buraco, eu estarei junto deles. Eu tenho uma teoria de que não escolhemos o nosso time, mas de que ele nos escolhe. Se você ama algo de verdade, os problemas são todos superáveis. E eu amo meu Sechzig München e eu estarei ao seu lado sempre.

sábado, 4 de abril de 2015

Pensamentos no ônibus

Já é tarde. Muitas pessoas ainda estão a caminho de casa. Aqui dentro do ônibus, com os fones de ouvido, eu vejo a marginal, vejo os carros, o trânsito, as pessoas nos pontos.

Eis que reparo num trecho da música "não é solidão amar e desejar a vida que não deu as mãos..." Apesar de adorar a música, sempre me perguntei se isso era verdade. A situação de ser rejeitado por alguém pode caracterizar em solidão? Ou é apenas um estranhamento momentâneo?

E quando a solidão existe sem estar faltando alguém específico? Isso é possível?

E quando começo a pensar nisso, começa a tocar "Do You Wanna Bild a Snowman?". Estranha coincidência.

Retomando, acho que a saudade não é de alguém, mas de momentos, de ações, de sensações. Ou será possível sentir saudades de quem você ainda não conhece? Ou que conhece pouco e gostaria de conhecer mais?

E como saber se o que falta é isso ou esse alguém desconhecido? Será que existe alguma forma ou manual que nos ajude a compreender isso?

Será que essas dúvidas só me importunam ou há mais pessoas sem entender ou saber o que fazer? E o que fazer quando você passa por alguém que só uma única troca de olhares te desconcerta e dificilmente você cruzará com essa pessoa novamente? Parar e falar ou simplesmente deixar ir?

Eu já chorei inúmeras vezes por não me entender. Eu acho engraçado e, ao mesmo tempo triste, não conseguirmos entender a nós mesmos e, quando achamos que conseguimos, estamos completamente errados. 

Eu não me entendo e sei que estou muito longe disso. Eu sou uma pessoa curiosa e pessoas diferentes ou com algo a mais me intrigam e atiçam minha curiosidade e interesse. Talvez eu seja a pessoa que mais me interesse pelo fato de eu me descobrir um pouco a cada dia.