sábado, 30 de junho de 2012

Meu Michael e meu Felix

Não sei se muitas pessoas sabem, mas um dos meus maiores sonhos é ter dois meninos. Isso é sério a ponto de eu já ter decidido os nomes das crianças. Michael e Felix. Mas a escolha não foi tão simples e aleatória
como parece.

Muitas pessoas pensam que Michael é por conta do Michael Owen, Michael Ballack, Michael Schumacher e Felix por causa do Felix Kroos. Bom, se as pessoas acham que eu sou simplista assim, tenho apenas dó delas.Vou contar como essas escolhas aconteceram.

Bom, começando, Michael não é 'maicou', é Michael, pronúncia alemã. Nada de Micael também. Se não sabe como fala, é só perguntar ao tradutor do Google, a fonética dele é boa.

Em relação a história, eu nasci e cresci numa família católica e eu era católica praticante, fiz catequese, primeira comunhão, perseverança, coroinha e ajudava no que podia na igreja. Eu sai de lá por conta de uns  problemas que contarei outro dia, mas eu parei de frequentar, e foi justo na época em que eu estava mal em casa e na escola. Depressão na certa! Mas sempre consegui disfarçar isso, tanto que conto para algumas
pessoas que me conheciam naquela época e elas não acreditam. Não sei se isso foi bom ou ruim, mas pelo menos melhorei.

Eu já pensei besteira e quase a fiz também. Sim, estou referindo-me a suicídio. Hoje acho algo improvável para mim, mas eu cheguei ao ponto de quase me cortar, não nego isso. Durante esse período, eu fiquei mal mesmo e teve uma vez que tive sonho com o, chamado aqui, São Miguel Arcanjo, eu particularmente prefiro chama-lo de Michael e, eventualmente de Mika. Sim, eu converso com ele e rezo para ele assim "Olá meu Michael querido" ou "Mika, meu querido" sempre num tom espontâneo, pois acho isso mais verdadeiro que seguir uma oração "São Miguel Arcanjo, peço-lhe por meio desta oração..." Acho que não devemos tratá-los com medo, mas sim com carinho e amizade, por isso sigo essa linha despojada.

Então, eu sonhei com ele, lembro que ele estava diferente das tradicionais imagens, pois ele sempre é apresentado como loiro de cabelos enrolados, no meu sonho ele tinha cabelo ruivo e liso, mas eu sabia que era ele. Ele disse que me ajudaria em relação a depressão se eu fizesse algo por ele. Eu concordei no sonho e logo em seguida acordei. Assustada com isso, sentei no chão do meu quarto e comecei a refletir, lembrando do que eu tinha sonhado, mas que parecia tão real. Depois de um tempo, olhei para cima e disse em voz alta "Combinado, Michael!" Eu ainda não tinha decidido o que fazer. Pensei em diversas coisas, incluindo até tatuagem. E enquanto isso, eu melhorava aos poucos. Claro que eu me ajudava, mas eu sentia força para me ajudar, o que eu não sentia antes, era ele me ajudando.

Então eu fiz algo para me ajudar a decidir. Prometi entrar na igreja de novo apenas se tivesse uma imagem dele e então diria na frente dela o que iria fazer. Parece algo fácil, mas demorei mais de um anos para decidir isso.Contando com o tempo do sonho, decidir o que fazer, continuar sem saber, procurar a imagem dele, já era 2008. Eu finalmente encontrei! Uma pequena igreja atras da Catedral da Sé (não tinha imagem dele nem lá, bizarro). Quando eu olhei a imagem, comecei a chorar, depois olhei para cima e disse "Michael será o nome do meu primeiro filho! Em homenagem a você! Somente a você!".

Para quem acha que foi apenas uma concidência o sonho com a melhora, há mais coisas envolvendo meu querido Michael.

Quando eu estava preparando-me para ir à Alemanha, não havia decidido a cidade ainda. Depois de vários prós e contras, ficou decidido Hamburg. O que eu sabia até então daquela cidade: HSV, St. Pauli e Porto!Depois que fechamos tudo, lembrei que tinha visto algo sobre Hamburg no meu livro de alemão, peguei e quando abro na página de Hamburg, começo a chorar. Michaeliskirche ficava em Hamburg. A igreja inteiramente dedicada ao meu querido Mika ficava lá e eu iria conhece-la. Mas não terminou por ai. Quando eu recebi o e-mail para ver onde eu ficaria, novamente mais lágrimas. Minha casa ficava menos de 2 minutos da igreja. Eu não apenas conheceria a 'casa' do Michael como ficaria ao lado dela por quase 1 mês.

Cheguei em Hamburg dia 7 de janeiro, depois de uma longa viagem de trem que contarei depois, e só pensava em uma coisa "preciso ver a igreja, preciso ver a igreja" mas estava muito cansada. Do Goethe fui direto para a casa da minha família, chegando lá, descobri que não havia ninguém em casa, mas uma vizinha me atendeu. Descobri que era uma mulher que morava sozinha um pequeno apartamento. Enquanto eu a esperava num dos quartos, escutei o badalar dos sinos da igreja, e mais lágrimas caíram. Foi neste momento que me toquei de fato que estava em Hamburg, na Alemanha. Das janelas do pequeno apartamento, não via a igreja, e minha ansiedade só aumentava. Não fui à igreja no dia seguinte, pois depois do curso, fui andar no centro, e novamente cheguei cansada. No dia seguinte fui conhecer a igreja. Diferente da minha afobação habitual, fui calmamente até o tão esperado local, apreciando os prédios, as árvores, o céu, o clima, as pessoas, quando finalmente chego na rua da igreja, meu coração começa a bater mais rápido, a cada passo sabia que estaria mais perto do meu Michael. Quando cheguei na porta da igreja, fechei meus olhos e dei alguns passos para trás, eu sabia que em cima da porta eu poderia ver meu Michael. Quando abri meus olhos, ele estava na minha frente. Uma estátua com cerca de 3 metros de um anjo esmagando o demônio. Era meu Michael! Aquele que tinha me ajudado e a quem tinha prometido dar o nome do meu filho. Eu chorei de felicidade. Eu mal podia acreditar que estava ali.

Passando os dias, eu normalmente o visitava quase diariamente. Sim, eu ia até a porta da igreja e ficava uns 30 minutos conversando com ele, em português. Poucas pessoas passavam e olhavam, já que preferia conversar com ele por volta das 11h da noite. E eu sabia que ele me escutava.

Quando entrei na igreja, havia um elevador para subir a imensa torre, mas eu preferi ir de escada. Não era uma escadaria rígida, pelo contrário, era de madeira e em alguns momentos, achei que parte dela iria cair, mas segui confiante. Durante toda a subida, que demorou uns 20 minutos, senti o Michael do meu lado, feliz por eu estar lá. Quando finalmente cheguei ao topo, pude ver o panorama completo de Hamburg.Daquele lugar, quase toda a cidade ficava visível aos olhos: o porto, o centro, a Reeperbahn, o Alster, a prefeitura, etc. Era a visão que meu Michael tinha da cidade que ele protegia, da cidade que eu tanto amei.

No dia em que fui embora, eu parei de arrumar minhas malas e fui me despedir dele, cerca de uma hora falando e agradecendo por tudo. A última coisa que falei para ele foi "Michael, meu querido Mika, eu prometo, eu vou voltar. Eu posso ir para München, mas eu venho aqui para te ver. Eu prometo Michael, do fundo do meu coração. Eu vou voltar!" Nesse momento, eu abaixei a cabeça e comecei a chorar, quando olho para cima de novo, um floco de neve cai de um dos olhos dele. Não foi coisa da minha cabeça, pois não estava nevando naquele dia, então não poderia ser apenas impressão. Eu vi o floco cair até o chão. Nessa hora eu tive plena certeza que ele me escutava, que ele sempre me ajudou, que sempre esteve ao meu lado.

Quando entrei no trem com destino a Frankfurt am Main, eu fiquei olhando para tras, até o último momento em que eu consegui ver a Michaeliskirche. Depois que ela sumiu da minha vista, eu disse "Eu vou voltar, meu querido, eu vou voltar!" Eu tenho algumas imagens do meu querido Michael, sempre converso com ele, pois sei que ele está do meu lado, me escutando e dando suporte sempre.

Bom, essa é a história! Creio que não é tão simplista como vários pensaram/pensam.

Sobre Felix, é uma história bem mais curta, mas não deixa de ser importante.Depois de passar uma semana em Berlin, eu e o Vizza precisávamos ir para Hamburg, então pegamos um trem para Hamburg, porém teríamos que trocar de trem na estação de Schwerin. Como eu nunca tinha pego trem de viagem na minha vida, entrei na primeira porta que eu vi sem prestar atenção, e o Vizza me seguiu. Quando entramos, vimos que era um vagão para bicicletas, mas ficamos lá pois havia várias cadeiras para abaixar e sentar, e como estávamos com malas enormes, era mais prático também.

Depois entrou uma senhora com uma criança no carrinho. O trem partiu. Berlin ficava para tras aos poucos e eu só olhava para a mãe e seu filho. A criança dormindo no carrinho e a mãe olhando o tempo todo com sorriso nos lábios. Depois de um tempo, a criança acordou e começou a sorrir para mim, e eu fui brincar com a criança. Não tenho palavras para descrever a sensação maravilhosa de ver aquela criança sorrindo o tempo todo. Aquele sorriso simples e tão sincero. Impagável! Então comecei a conversar com a mãe. Ela me disse que era mãe solteira e que estava viajando para a casa da mãe dela. Perguntei o nome da criança e ela disse Felix. Eu perguntei "Félix?" Mal terminei de falar e ela já me corrigiu "Nein, Felix (Fílix)!" Pedi desculpas e disse que 'Félix' é a pronuncia no Brasil. Ela entendeu e continuamos a conversar e brincar com o pequeno Felix. Ela desceria em Schwerin e de lá pegaria um trem diferente do meu. Chegando lá, despedi-me dela e do pequeno Felix com poucas lágrimas nos olhos. Ela olhou assustada mas logo falei "Não poderia existir nome melhor para o seu filho, Felix!" (Para quem não sabe, Felix significa felicidade em latim)

E ela se foi, com o Felix no carrinho. A criança de apenas 1 ano que me ensinou uma das lições mais valiosas da vida: ser feliz sem motivo!

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Vamos dançar?

A música começa a tocar.
Vamos dançar?
Eu e você. 
Você e eu.
Como se o amanhã jamais chegasse.
Dançar até nossos pés doerem.
Seremos os primeiros a começar
E os últimos a parar.
Mesmo após os músicos encerrarem
Nossos passos ecoarão
Não apenas no salão
Mas por todos os cômodos.
Vamos dançar?
Quero escutar apenas a música.
Seja ela lenta ou agitada
Quero esquecer de tudo.
Meus problemas sumirão na primeira nota.
E com você, nada mais vou desejar.
Mas sei que vou chorar
Na última nota
Da última canção.
Bach, Chopim, Strauß, Handel
Shubertz, Brahms, Vivaldi
Nem Mozart e Bethoveen conseguiram amenizar
A dor que a última nota traz
Mas mesmo assim eu não me importo
Quero música
Quero dançar
Por todo o salão
Sentir a música dentro de mim
Quero espalhar esse sentimento
A paz que as notas me trazem
Mesmo a última nota
Com toda sua tristeza
Com toda sua sua melancolia
Pode trazer a felicidade.
Pois a última nota traz o fim.
Mas a garantia de algo novo
Novo e, quem sabe, melhor.
A saudosa música passada
Traz lugar a uma melodia nova
Que, com delicadeza e capricho,
Preenche nossos corações
Nossa alma
Nosso corpo inteiro
Logo a primeira nota
Vamos dançar?
Para provar que 
Uma simples música
É capaz de trazer a verdadeira felicidade.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

O jogo que mudou meu destino e o rumo de minha vida


Escrito em 27 de janeiro de 2012.

Hoje completam três anos que fui à NordBank Arena assistir a partida entre HSV e meu lindo TSV 1860 München.

Lembro com perfeição daquele dia:

Primeiro acordei, liguei o computador para escutar música e comecei a fazer meu café da manhã. Depois tomei banho e fui me arrumar para ir à aula de alemão.

Tinha combinado com a Erika de patinar sobre o lago depois da aula e num dos intervalos da aula, sai para dar uma volta no centro. Lá encontrei três torcedores do Sechzig, com aqueles coletes cheio de buttons e patchs. Meus olhos se encheram de lágrimas. Era finalmente o dia em que veria meu time alemão, meu pequeno e desconhecido Sechzig München dar tudo de si numa partida da Pokal.

Depois voltei à aula e ao fim, fui para casa almoçar. Estava cansada de comer porcaria na rua, se bem que comer porcaria na rua e comer o que eu cozinhava não tinha muita diferença (obrigada sachê de molho branco com 4 queijos e bacon pronto! Salvou minha existência na Alemanha).

Almocei, entrei um pouco na internet para ver a escalação. Fiquei tão feliz ao ver que os gêmeos Bender iriam jogar, mas chateada porque o Florian Jungwirth nem no banco estava escalado. Era aniversário dele e queria muito que também fosse sua estreia na equipe principal.

Antes de ir patinar, eu fui ao cais, admirar a ida e vinda dos barcos/navios e depois fui à Michaeliskirche conversar com meu Michael. Encontrei-me com a Erika, patinamos, caímos, caímos de novo, foi bem divertido. Posso dizer com orgulho que patinei sobre um lago congelado.

As 17h voltei para casa, tinha que me preparar para a partida que começaria as 20h30. Me troquei, peguei meu ingresso e minha câmera e fui a caminho do estádio. Sozinha! Eu no meio da torcida do HSV. Não tive medo por dois motivos: 1- eles eram fofos e super atenciosos; 2- na época eu não tinha absolutamente nada do Sechzig (não vendia nada dele lá em Hamburg)

Ao chegar à estação, segui a trilha escura, com pouca iluminação, a caminho do estádio. Conversei com alguns torcedores do HSV e do Sechzig durante o trajeto. Já no estádio, passei meu ingresso na catraca e fui procurar meu lugar e algo inesperado aconteceu. Na loja do HSV, eu pedi o ingresso para a torcida do Sechzig. Disse em alemão e em inglês para não ocorrer problema, mas me deram para a torcida do HSV. Eu xingaria o vendedor se ele não fosse um dos  homens mais bonitos e mais charmosos que eu vi na vida (sem exagero).

Sentei no meu lugar, anel superior atrás de um dos gols, tremendo de frio, estava cerca de 4 graus negativos e como o estádio ficava rodeado por muitas árvores, o vento era muito forte. O cara ao meu lado me ofereceu vinho quente, recusei educadamente. Mostrei meu ingresso e perguntei "estou no lugar certo?" ele olhou o número da cadeira e afirmou que sim e eu "ah, achei que estava no lugar errado" e ele "por quê?" "porque eu torço para o Sechzig, eu pedi ingresso para aquele setor" falei apontando para o setor da torcida do TSV.

E o senhor, então, me avisou que tinha duas opções "você pode ficar aqui sem problemas, mas não poderá demonstrar que torce para o Sechzig, mas caso fale ou grite algo, é melhor ir para o setor deles." Não pensei nem 3 segundos, olhei fixamente para os olhos do gentil senhor e falei “muito obrigada e tenha uma ótima partida, até mais!" e segui em direção aos torcedores vestindo o manto azul claro e branco.

Enquanto caminhava para o setor da torcida visitante no anel superior (o estádio é aberto, as pessoas podem andar pelos setores, exceto a parte da torcida visitante no anel inferior que possui grades) vi meu time aquecer em campo. Philipp Tschauner, Benny Lauth, Sven Bender, Lars Bender, Stefan Aigner (recém contratado do Arminia Bielefeld), Daniel Bierofka, Fabian Johnson, Sandro Kaiser,

Fiquei com medo de ser pega no lugar errado e logo que achei um lugar vago perguntei "tem alguém aqui" e o moço "não faço ideia, este não é o meu lugar". Então me sentei ao lado dele. Mal começou a partida e eu já estava chorando. Era o time que eu madrugava sábado e domingo para ver jogar. Os gêmeos Bender estavam lá, junto de Lauth. Aquele momento de felicidade é inexplicável. Descobri que meu vizinho de assento era austríaco torcedor e do Rapid Wien, mas que também era torcedor do Sechzig. Fiquei feliz por isso.

"Siebenundfünfzig, achtundfünfzig, neunundfünfzig, SECHZIG!" A torcida gritava e cantava, e eu junto.

Houve um impedimento marcado contra meu Sechzig, e eu estava tão nervosa, tão alterada que me levantei da cadeira e gritei "bandeirinha filho de uma puta! Pegue a bandeira e enfie no meio do seu cu!" Obviamente vários torcedores olharam para minha cara e um deles perguntou "o que você disse?". Claro que fiquei com vergonha de repetir então sorri e disse "coisas não muito bonitas!"

Depois disso, a tensão aumentou. Olic tinha deixado o HSV na frente do placar, mas eu não estava triste. Estava tão, mas tão feliz por ver o meu time ao vivo que fiquei maravilhada com os gols de Olic. O croata marcou mais dois gols, no terceiro, eu ri e aplaudi, afinal, tinha sido um golaço e estávamos merecendo perder pela péssima atuação. Mas foram nos minutos finais, por volta dos 87, que Daniel Bierofka descontou e marcou o gol para meu amado Sechzig.

Eu gritei como se fosse o gol da vitória do campeonato, como se fosse gol do título, da classificação, mas na verdade aquele gol não alterava a nossa eliminação nas oitavas de final da DFB-Pokal.

Pouco antes do gol do Sechzig, a torcida do HSV cantava “Berlin! Berlin! Wir fahren nach Berlin!” Aquilo me arrepiou. Aquilo me deixou com vontade de apoiar mais e mais meu Sechzig, de ficar ao lado dele sempre! De ver todas as partidas, independente se for vitória, derrota, empate, de quem vier à equipe, de quem sair.

Ao sair do estádio, abaixei a cabeça, chorando, e segui em direção à estação. No momento, eu não sabia o que estava sentindo. Era uma mistura tão grande de sentimentos: felicidade por ver meu time, tristeza por vê-lo perder, amor que aumentava a cada passo que eu dava, a mágoa da derrota e da eliminação. Mas o que nunca passou pela minha cabeça foi odiar o HSV, o Olic e o resto do elenco (meu querido Trochowski estava lá também). Pelo contrário, até hoje, o time que mais adoro da primeira divisão é o HSV e fiquei feliz por ter perdido para ele e não para outro clube.

Como estava atordoada com o jogo, não fui direto para casa. Fui à Reeperbahn esfriar a cabeça, e lá encontrei torcedores do Sechzig. Enturmei-me rapidamente e jantamos assistindo os demais resultados da Pokal.

Voltei para casa mais de meia-noite, sozinha na fria madrugada, mas antes parei no cais, ajoelhei e enfim sucumbi novamente às lágrimas da derrota e da felicidade. Então olhei para cima e disse: “TSV 1860 München, não importa o que aconteça, pode ficar o resto da vida na segunda divisão, pode alterar o elenco toda temporada, eu ficarei ao seu lado sempre. E Liverpool, você será o próximo que pretendo conhecer. Stevie G, você tem uma fã que ainda irá vê-lo jogar pessoalmente, nem que seja em sua última partida como profissional. Minha amada seleção, o título da euro sub-19 do ano passado (2008) foi o primeiro que vi e nem que demore minha vida inteira para que conquiste uma copa do mundo e uma Euro no profissional, você sempre será o que eu mais amo no futebol! Nem Corinthians, Liverpool e Sechzig juntos terão o mesmo amor e mesma importância que você tem! Estaremos juntos na Copa do Mundo do ano que vem (2010), assim como em todas as partidas, em todas as competições, sejam elas importantes ou apenas amistosos.”

Depois de perceber que o futebol era o que me motivava, voltei de finalmente para casa, deitei na cama e dormi, para sonhar com o jogo e reviver tudo o que eu havia passado neste dia.

Um fato curioso: depois desta partida, HSV 3:1 TSV 1860, minha equipe SEMPRE foi eliminada na Pokal por 3 gols de diferença, mas não marcou nenhum. TSV 0:3 Schalke (2009/2010), Köln 3:0 TSV (2010/2011) e Fortuna Düsseldorf 3:0 TSV (2011/2012).

Eu luto todos os dias pensando naquele jogo. Quando o meu time entra em campo, eu sinto a mesma sensação que tive no estádio. O tempo não diminuiu o sentimento, pelo contrário, só aumentou.

Sentimentos antes da estreia alemã na Euro


Inicio da Eurocopa e amanhã minha seleção já estreia contra Portugal.
Estou nervosa. Nas últimas noites mal dormi. Sempre sonhava com algo relacionado às partidas.
Fecho os olhos e já consigo imaginar a equipe lutando em campo para conquistar o quarto título europeu.
Uma mistura de ansiedade com medo toma o meu ser.
Quero o título. Quero finalmente ver a minha seleção principal erguer a taça representando que é a melhor na competição.
Eu não a amarei mais por isso. Eu consigo amar mais minha seleção após derrota. Sempre acho que amo o máximo e sempre bato a cara, porque o amor aumenta.
Quero vê-la campeã porque ela merece. Eu sei que ela é a melhor. Muitos sabem que ela é a melhor. Infelizmente o caminho não é perfeito e muito menos fácil mesmo sendo a melhor.
Amanhã sei que lágrimas percorrerão pelo meu rosto. Indiferente se for de felicidade ou tristeza. Sei que elas estarão lá.
Eu procuro palavras para descrever tudo o que estou sentindo em relação a esta competição e a minha seleção, mas não é fácil.
Quero apenas olhar para cima dia 1º de julho, depois fechar os olhos, relembrar os melhores momentos da competição e gritar do fundo da minha alma: "Deutschland! Deutschland! Deutschland!"