domingo, 2 de novembro de 2014

Conceal, don't feel! Don't let they know!

O filme Frozen me inspirou a escrever esse texto.



Foi difícil ver a vida da Elsa, trancada dentro do castelo, praticamente no seu quarto, apenas por ser diferente. AO invés de a incentivarem a dominar seus dons, a ensinaram que ela deveria esconder de todos. Porém chegou um momento em que ela não possua controle algum devido a todo o medo que a cercava. Aquilo me machucou profundamente. Ter dons às vezes é uma maldição, e infelizmente eu posso afirmar isso com propriedade.

Dons... alguns chamam de magia, poderes, etc. Muitos desejam arduamente isso. Mas será que se soubessem as consequências ainda desejariam? As pessoas acham que a vida é como o filme Harry Potter "olha, sou um bruxo (a), vou pegar minha varinha e fazer o que bem entender." Mas não é bem assim. A lei da compensação é o que rege tudo e essas coisas não são estupidamente fáceis e banais.

Eu ODEIO a lei da compensação. ODEIO PROFUNDAMENTE! Porque ela é a base de tudo. Desde coisas minúsculas como dar uma moeda para pegar um chocolate até as coisas mais importantes e difíceis como se eu quiser morar na Alemanha, tenho que dar adeus a tudo aqui. Isso não muda em nenhuma situação. Sempre estará presente. Para mim, isso ainda é mais forte e importante, mesmo eu não querendo. Por isso, faço o máximo para me livrar disso e me machuco toda vez que isso acontece.

É complicado quando a única pessoa que sabia de tudo não vai voltar. Você fica quem chão. Essa pessoa foi quem me explicou tudo, o que antes eu achava que era maluquice ou até mesmo alucinação. Há alguns anos tenho me virado sozinha, sem saber ao certo o que fazer. Chorar tornou-se uma maneira de eu tentar controlar um pouco isso. Mas eu não aguento mais chorar e isso nem faz mais efeito.

COmo eu queria ser específica e contar tudo aqui. Mas eu não posso. É horrível guardar um segredo só para mim, com medo de contar para os outros, se eles irão entender ou aceitar, ou até mesmo acreditar. Eu realmente quero contar, eu preciso. Tenho certeza de que isso me ajudaria. Muitos problemas se resolveriam e seria mais fácil das pessoas me entenderem. Entenderem o motivo de eu ficar triste ou preocupada do nada, de ter medo de andar nos dias 14 e 28 na rua, principalmente a noite/madrugada.

Eu estive muito perto de contar, mas não consegui. Só de pensar em falar, comecei a chorar. Esse é o maior medo que eu tenho na vida. Que descubram isso e entendam errado, que não acreditem ou que se aproveitem disso. Eu tenho medo que isso possa trazer algo ruim para as pessoas próximas a mim. Não por algo que eu possa fazer. Sou praticamente inofensiva (:  (exceto quando ameaçam pessoas que estimo, ai alguns merecem tapas na cara), mas tenho medo do que outras pessoas possam fazer.

Eu sei que esconder isso trouxe muitas complicações para mim, e ainda traz e sei que trará, mas eu não tenho certeza do que acontecerá se eu contar. Se houver um pequeno risco envolvendo outras pessoas, eu prefiro me manter calada e ser a única a ser atingida por isso.

Eu rezo todos os dias para que eu tenha mais controle. Que eu consiga ser mais forte do que isso. Bom, pelo menos o pouco do que eu controlo eu sei que uso fazendo o bem, então isso me conforta um pouco.

A "libertação" da Elsa foi algo que me bateu uma certa inveja, porque eu quero poder sentir exatamente o que ela fala na letra da música. Quem sabe um dia eu possa cantar essa música realmente sentindo isso.


sexta-feira, 5 de setembro de 2014

"Mãe, agora eu sou um homem de verdade"


Hoje publico um texto que escrevi no dia 25 de junho de 2014 e que havia deixado nos rascunhos do meu email. Procurando informações para o meu tcc, o encontrei lá, largado e esquecido. Eu havia escrito para postar aqui. Bom, antes tarde do que nunca.


Andando pela praia de João Pessoa, ouço um murmurinho distante que se aproxima a cada passo que dou. Após passar algumas barracas, vejo alguns adultos rodeando uma criança que brincava num dos aparelhos de ginásticas que havia sobre a orla. Ela estava na menor das três traves e, após ficar pendurado nela por alguns segundos, a criança solta, olha para uma mulher que julguei ser sua mãe e fala:

"Mãe, vem ver meus músculos, agora eu sou um homem de verdade"

Eu parei minha caminhada e fiquei observando. Não é algo educado parar e olhar pessoas desconhecidas, ainda mais levando em conta minha cara de espanto.

Como esse pode ser um dos valores que esse menino, que não deveria ter mais de oito anos, aprendeu em casa? Homens só são homens de verdade quando têm músculos? Um corpo definido? Sarado? Bombado? Com "tanquinho"?

Me desculpem, mas eu não concordo. Homem de verdade para mim sempre teve outro significado. Ele pode ter o corpo que for, a aparência que for, isso não o fara ser um "homem de verdade".
Pensar assim é aceitar ter para si uma pessoa vazia, uma casca sem nenhum conteúdo. Não estou falando que pessoas assim são cascas vazias. Mas acreditar que essa é a única virtude que um homem DEVE ter é ter mente porca. 

Homem de verdade para mim é outra coisa. Precisa ter caráter, ser amável, gentil, inteligente, prestativo, estar lá quando você precisa e também não está, ser amigo, companheiro, engraçado, esforçado, batalhador, se amar verdadeiramente e aos próximos que considera bastante, saber ouvir críticas construtivas e saber as falar também. São coisas básicas, mas que tornaram-se virtudes no decorrer dos anos. 

Queria conversar com aquele garoto e explicar tudo isso para ele não crescer e tornar-se mais um idiota nesse mundo, mas olhando para os demais adultos ao seu redor, eles acreditavam nisso também.

Dei de ombros e voltei à minha caminhada, pensativa no que tinha visto. Segui o caminho feliz e triste ao mesmo tempo. Feliz por saber que tenho um homem de verdade ao meu lado e triste por saber que aquela criança se tornará apenas mais um idiota.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Alemanha finalmente tetra para mim?

Faltam trinta minutos para o jogo da seleção. Será a primeira vez que a vejo depois da vitória contra a Argentina na final da Copa. Não pude me reunir com os demais torcedores por estar muito ocupada fazendo o TCC. São 15h15 e ainda não consegui almoçar, quiçá sair para ver o jogo. Espero que entendam minha ausência. Mas, por outro lado, fico feliz em não ir. Quero aproveitar esse jogo para finalmente poder comemorar o título da Copa. Quero ver a seleção jogar com quatro estrelas ao invés de apenas três. Quero saber como reagirei a isso. Eu não sei o que vou sentir ou fazer durante o jogo. Apenas sei que estarei com o meu computador durante o jogo, escrevendo páginas e páginas enquanto meus meninos correm e lutam por mais uma vitória, mesmo que seja num simples amistoso. Acho melhor comer qualquer coisa antes de continuar, porque não será um copo de leite e uma fatia de pão que me sustentarão desde manhã.


...

Meu almoço foi algumas frutas. Devo admitir que o que aconteceu com o Rodrigo no começo de Agosto fez eu me preocupar mais com minha saúde e a comer frutar regularmente. Temos que tirar coisas positivas de todas as situações,só assim saberemos realmente viver. Concordo que não foi o almoço ideal e que deveria ter almoçado no horário, mas é melhor do que comer comida congelada ou porcaria.

A partida já começou. vi o Kroos e lembrei imediatamente do escanteio que ele cobrou e o Hummels marcou o segundo gol da partida e o segundo da Alemanha na Copa do Mundo, isso contra Portugal, na Arena Fonte Nova, em Salvador. Vi rostos novos e rostos familiares da Copa. Pela primeira vez, vejo meus heróis com a quarta estrela. Isso ainda é estranho para mim. Às vezes parece que foi tudo um sonho, que não foi real. Mas agora eu vejo que, sim, é real.

Eu gritei um "Auf geht's Deutschland" assim que a partida começou.
Comecei a cantar como se eu estivesse no estádio. 
Allee Allee Allee Allee Allee Super Deutschland Super Deutschland Super Deutschland Alleee Alleee
Essa música consegue me acalmar e me animar ao mesmo tempo.

Quando vi o Großkreutz, lembrei do intervalo de jogo entre Alemanha e Estados Unidos, quando eu, a Raísa e o Luís começamos a gritar "Großkreutz" durante vários minutos e, depois, ele se aproxima um pouco, ergue a mão, acenando para nós, e abaixa a cabeça timidamente. Comecei a rir. Acho que esse foi um dos meus raríssimos momentos de tiete. Devo admitir que foi engraçado e divertido. Um dos momentos mais especiais dessa copa que levarei eternamente no coração. Acho bom ressaltar que não considero tudo o que falei para e sobre o Toni Kroos tietagem. Apenas quando encontrei um torcedor no jogo em Salvador, com a camisa personalizada do Kroos também, que disse que amava o Toni Kroos e que ele era o seu anjo. Esse momento falando sobre o Kroos foi realmente tietagem, admito.

Voltando à partida, a geradora alemã mostrou alguns jogadores nas tribunas. Esbocei um sorriso, afinal, eles eram os meus heróis que fizeram parte de um momento histórico na minha vida. 

Eu lembro que quando eu tinha MSN, tinha colocado um pouco antes da Copa de 2006 ***DEUTSCHLAND***, cada * tinha uma das três cores da bandeira alemã, assim como DEUT-SCH-LAND foi dividida em três partes com preto, vermelho e dourado cada uma. Eu prometi que só tiraria isso quando a Alemanha fosse campeã do mundo. Infelizmente o MSN Messenger fechou antes de eu poder cumprir;

GOL DA ARGENTINA. Eu sorri e suspirei aliviada. Por quê? Prefiro infinitamente que a Argentina marque quantos gols quiser nesse amistoso, do que ter marcado um único naquela final em que eu fiquei estressada num nível absurdo. Se saísse um gol naquele dia, certeza que de duas uma, desmaiaria, ou choraria horrores.

KROOS ARRISCOU DE FORA DA ÁREA E A BOLA SAIU PRÓXIMA DA TRAVE. É uma alegria que não sei explicar quando eu o vejo em campo. Recordo-me daquela criança que vi jogar ainda na base do Hansa Rostock, mas que já apresentava um futebol nível profissional.


DEFESA DO NEUER. Ainda não gosto dele como pessoa. Ele foi um traidor num nível que eu não consigo aceitar. Dizer que odeia um clube e que jamais o defenderia, mas na temporada seguinte aceita a proposta do mesmo é algo difícil de engolir. Ele errou muito ao ter revelado esse suposto ódio e afirmar que nunca iria para lá. Entendo que jogadores devem pensar nas suas carreiras e não apenas no amor que sente por um clube, mas ele deveria ficar quieto. Falhou absurdamente e não é para menos que até hoje é chamado de Judas pela torcida do Schalke 04 e demais torcedores que ainda não concordam com o que ele fez. Mas jamais voltarei a torcer contra ele na seleção alemã. Ele calou minha boca e tive ajuda de torcedores do Schalke que me ensinaram que, sim, podemos separar as coisas. Podemos torcer contra um jogador por isso, mas torcer ardentemente por ele quando defende nossa seleção.

GOMES ERRA ABSURDAMENTE UMA CHANCE CLARÍSSIMA DE GOL. Resumirei isso com o que eu gritei no momento "Porra Mario Gomeeeeeeeez. Mas que cacete.Por isso não foi para a Copa". As expressões de Hummels e Müller no banco também falaram por si só. Hummels gargalhou com o erro e Müller fez uma cara de "porra, esse eu fazia fácil fácil".

BATERAM NO MEU MENININHO. O Toni Kroos é infinitamente mais forte que eu, mas eu fico putíssima quando fazem falta nele e sempre falo algo do tipo "Vem cá seu filho da puta, mexeu com o MM, mexeu comigo!!!!". Como se eu fosse capaz de fazer qualquer coisa. Sinto que faço parte da história dele, porque eu acompanhei seu desenvolvimento e, sei lá, ainda o vejo como aquela criança de 16 anos.

SUBSTITUIÇÃO. SAI DRAXLER E ENTRA PODOLSKI. Chateada porque o Menino Draxler não pôde mostrar quase nada na partida e até que feliz por ver o Podolski da zoeira em campo.

SEGUNDO GOL DA ARGENTINA. Erra quem acredita que existe apenas uma Alemanha. A Alemanha joga de um jeito em amistosos e de outro em jogos importantes. Não critiquei, xinguei ou fechei a cara, só pensei na final da Copa e novamente agradeci pelos gols da Argentina saírem apenas hoje.

QUE PORRA FOI ESSA GOMEZ????? Gomez sendo Gomez, simples assim. Eu nem me estresso mais.

INTERVALO DE JOGO. Bom, eu poderia falar sobre muita coisa, mas quero usar esse tempo para me dedicar ao tcc. Quero ver se assistir a esse primeiro tempo me inspira.




Ok, aconteceu algo completamente inesperado durante o intervalo. Algo que eu queria que acontecesse desde o final da Copa e aconteceu justamente no intervalo do primeiro jogo da seleção alemã depois da Copa. É como se ela estivesse dizendo "nós fizemos você perder isso para nos acompanhar, para fazer parte da nossa história. Isso infelizmente prejudicou você. Mas aqui está o nosso agradecimento. Você fez parte do nosso tetra e agora nós faremos parte desse novo capítulo da sua vida." É incrível. Eu realmente não consigo acreditar que isso aconteceu agora. É inexplicável. Não pode ser apenas uma coincidência. Não é só a questão do dia, de ser hoje que tem jogo da seleção alemã, mas ser dois minutos após o intervalo começar. Vai ver eu tive que passar por tudo isso no mês de agosto para entender o que aconteceria agora. Não, não é exagero meu. Eu sinto que é isso. Alguns podem achar que é egoísmo, egocentrismo, mas pouquíssimos sabem o que aconteceu comigo praticamente desde o começo do ano e, principalmente, durante a Copa, do que eu tive que abrir mão, do que isso me acarreta até agora.

MAIS UM DA ARGENTINA. Pode golear, Argentina. Marque quantos você quiser. Eu sei, eu sinto que minha seleção está se doando por mim como eu me doei por ela por anos. Eu nunca pensei que isso aconteceria.

QUARTO GOL DA ARGENTINA. Como diria Demi Lovato "Oh oh oh I really don't care!"

TOOOOOOOOOR! "SHIRLEI"!!!! Gritei, comemorei e ri. Gol de Schürrle. Não é porque esse jogo não vale nada que eu não vou comemorar quando minha seleção faz um gol.

SAEM SCHÜRRLE E GOMEZ ENTRAM MÜLLER E GÖTZE. É bom ver Müller em campo. É a primeira partida que o Müller joga sem a nossa ligação pelo colar. Agora ele vai ter que se virar sozinho, mas acho que já passou da hora de ele andar com as próprias pernas, sem que eu mande energias diretamente para ele. Na verdade, só de ver aquele gol contra os Estados Unidos na minha frente, já deveria ter parado de usá-lo. Mas, apesar de mandar muita energia para ele, compartilhava com os demais da seleção. Realmente acredito que aquele colar tem ligação com a seleção, porque eu creio nisso e faço ter com minha fé e força de vontade.


GOL DO MELHOR JOGADOR DA PARTIDA DA FINAL!!! Mario Götze mostrou que é o carrasco da Argentina. Será que esse gol fez os argentinos se relembrarem do sentimento de levar um gol minutos antes do final da prorrogação? Se eu estivesse no lugar deles, sentiria a dor daquele gol toda vez que visse o Götze.

Esse jogo foi extremamente importante para mim. Não pelo placar ou pelo jogo em si, mas o que ele me trouxe. A esperança que eu achei ter perdido estava apenas adormecida dentro de mim. Incrível como um jogo pode mudar tudo na vida de uma pessoa, no caso de hoje, da minha. Eu estou comemorando atrasada em relação aos meus amigos, colegas e companheiros que comemoraram e ainda comemoram desde o dia do título. Desculpem-me por invejá-los, mas eu realmente queria ter sentido isso com vocês. Mesmo tendo demorado quase dois meses, hoje estou aqui e comemoraremos até o nosso penta, então teremos algo diferente para comemorar, o penta!

SIM! HOJE EU SINTO! HOJE EU GRITO! HOJE EU COMEMORO! MINHA SELEÇÃO É TETRA!!!! A SELEÇÃO ALEMÃ FINALMENTE É TETRA PARA MIM!!!



sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Me acorde quando Agosto acabar!

Sabe, esse mês de agosto foi bem difícil, a cada dia aparecia mais um obstáculo para eu superar. Na verdade, as coisas começaram a piorar após a Alemanha ter vencido a Copa. É como se esse fosse o meu pagamento para vê-la campeã. Me machuca dizer isso, mas eu não consegui comemorar. Eu admito que senti uma inveja de todos os que eu conheço que comemoram até hoje esse título. Mas não é por mal, eu só queria sentir isso que vocês sentem. Esperei por anos e anos e, quando acontece, não consigo aproveitar. É frustrante. Até o meu trabalho que é sobre isso, eu não consigo fazer direito porque me machuca. Eu escrevo isso chorando porque o que eu mais amo no futebol é o meu 1860 e a minha seleção alemã e eu fiz parte de seu caminho para a conquista do tetra. Eu estava lá nas três partidas da fase de grupo, várias pessoas queriam estar no meu lugar, não duvido que alguns conhecidos até sentiram inveja, mas eu entendo, no lugar deles, também sentiria, pois era um momento único que todos que amam a Alemanha gostariam de vivenciar. Por isso, peço perdão a todos vocês. Tive a chance de estar ao lado da nossa seleção e não sei se aproveitei tudo nos estádios. Não consegui comemorar o título. Eu lembro perfeitamente da minha reação de quando o Götze marcou o gol do título, eu fiquei parada olhando para o telão da Fanfest. Não me mexi. Ouvi os gritos e as comemorações da maioria. Me chacoalharam dizendo "é campeão, é campeão!" Eu comecei a chorar, mas não pelo gol, não pelo título, mas porque aquilo não estava me alegrando como eu imaginaria. Eu passei resto do dia com um riso forçado no rosto. Na verdade, por dentro, eu queria chorar. Achei que era o stress da Copa, esperei alguns dias e nada. Tentei me forçar a comemorar, mas nem isso funcionou. Agora que voltou a Bundesliga, nem o meu time eu consigo assistir direito. Vocês têm ideia do que é ver que estar passando o jogo do 1860 e eu nem abrir um liveticker? É a primeira vez na vida que faço isso. Infelizmente relacionei a vitória da Alemanha com as coisas ruins que aconteceram depois de seu título. Tenho plena consciência de que ela não tem nada a ver com isso, que eu deveria é ficar feliz porque aconteceu algo maravilhoso no meio dessa tormenta, mas eu ainda não consigo. Me desculpem. Mas eu prometo que mais cedo ou mais tarde eu vou comemorar esse título como ele deve ser comemorado! Atrasado? Sim! Mas o importante é comemorar, né?

Depois da Copa, passei por uma situação que jamais imaginaria passar, ainda mais por um longo período. Nesse caso, uma semana foi muito tempo para mim. Fiz coisas que achava que não era capaz, consegui me controlar ao máximo pelos outros. Mas, pelo menos, eu acho que cresci e isso já é bom.

Eu tive momentos péssimos, dentre eles, algumas crises. Não tenho vergonha de falar que faço tratamento e que, às vezes, nem os remédios me "seguram". Não, não sou e nem estou louca, estão 100% sã, só tenho confusão emocional, digamos assim. Eu admito que foi culpa minha deixar que chegasse até esse ponto. Eu sempre achei que conseguiria seguir sozinha, meu orgulho sempre foi maior, mas teve um momento que me vi sem condições de continuar sem ajuda. Não sabia que estava tão "ruim". É algo que está começando a ficar insuportável. Está afetando minha saúde de uma forma que é difícil ficar um dia sem passar mal. Mas tenho que seguir em frente, certo?

Queria deixar uma coisa registrada aqui, caso aconteça algo comigo. Nos últimos dias venho sofrendo ameaça de um indivíduo, que prefiro não dizer o nome. Mas, as coisas ao invés de melhorarem, pioram e com essa situação. No começo, eu fiquei com muito medo, mas cansei de me esconder, de ficar num canto chorando. Não quero mais ser fraca. Independentemente do que aconteça, pelo menos poderei me orgulhar que, mesmo com medo, eu enfrentei. Alguns dirão que é suicídio, mas se eu viver me escondendo, não estarei vivendo de verdade. Eu gosto de andar, passear, indiferente do lugar, me privar de sair de casa é algo que não posso admitir, por mais que isso me assuste e pior sejam as consequências.

Uma coisa ainda me machuca. As pessoas acham que devem ajudar quando elas acham que é o momento certo, não quando pedimos. Eu sou uma pessoa deveras orgulhosa. Tive que fazer e passar por muita coisa sozinha, então eu estou acostumada a passar pelas coisas sozinha, mas tem coisa que simplesmente não dá. Por isso, quando eu peço é porque eu preciso, porque eu não aguento mais. Outro ponto relacionado a isso é em relação à passar mal. Eu não passo mal porque eu quero ou escolho um dia e um horário específico e às vezes coincide com outras coisas. Mas se eu pudesse escolher, eu escolheria não ter nada. Eu passo mal de nervoso e, como esse mês está impossível, uma coisa soma com a outra, piora meu nível de stress e consequentemente minha saúde piora. Então eu fico nervosa porque passo mal e se torna uma cadeia longe de terminar. Sei que preciso me acalmar e ter a cabeça no lugar para ajeitar as coisas. Prometo que farei isso, por mais que demore.

É, esse mês não foi fácil.Ainda não terminou e não aconteceram só coisas ruins. Eu pude rir, sorrir e passar tempos maravilhosos com as pessoas que eu gosto e também pude ver algumas coisas se ajeitarem. Mas eu sei que as coisas vão melhorar e, aos poucos, tudo vai se organizando.

Sim, tudo isso foi um desabafo, mas eu precisava por para fora. Falar é algo complicado para mim, tento transferir meus sentimentos em letras porque, assim, acho que eles fluem melhor e mostram quem eu realmente sou.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Uma singela injeção de ânimo

Algumas vezes precisamos de um empurrão para lembrar de quem realmente somos e o que queremos. Essa injeção de ânimo e autoconhecimento não vem quando procuramos, mas quando ela quer surgir.


Eu passei por isso. Dúvidas de profissão. O que eu passei nos últimos tempos me fez duvidar do que eu realmente queria, realmente gostava, o que queria trabalhar pelo resto da vida, ou pelo menos por um bom tempo. Para quem me conhece, isso parece uma dúvida besta, pois todos sabem que eu amo futebol. Mas eu estava com essa dúvida, eu não sabia o que eu queria mais.


Quando eu fui à Alemanha, minha primeira injeção de ânimo e de consciência profissional aconteceu. Os jogos do HSV entre Hansa Rostock e meu Sechzig München  foram essenciais para essa conscientização. Acho que não preciso repetir essa história, talvez só relembrar minha relação com as torcidas do HSV e Hansa, as mais fofas, gentis e educadas que eu já vi, ver diversos jogadores que eu adoro, dentre eles o Felix Kroos no jogo de estreia, vi meus meninos do 1860, torci os 90 minutos em pé junto da torcida, senti o que era torcer de verdade, e não essa palhaçada daqui, vi o amor e o significado de futebol.


Foi isso que me deu força para terminar relações internacionais ao invés de abandonar, já que estava na metade do curso quando fui para lá, e depois fiz jornalismo. Hoje faltam seis meses para eu me formar, quem diria?


Mas nessa reta final de jornalismo, eu perdi o ânimo. Eu pensei o seguinte, se eu fizer tudo de futebol talvez isso volte. Nem o tcc que é sobre brasileiros que torcem pela Alemanha, sobre mim e meus amigos e colegas que acompanham a Super Deutschland, conseguiu me animar.


A Copa estava chegando e eu estava desanimada. Não quis e nem consegui ver os amistosos. O que me deixou irritada foi a lesão do Reus e a convocação de Mustafi. Afinal, como torcedora do 1860, meu coração Weiß Blau pedia o Volland na Copa. E então a Copa chegou, Brasil e Croácia fizeram um dos jogos mais roubados e ridículos da história de copas. A seleção brasileira, que entrou como a principal favorita, precisou apelar vergonhosamente para vencer a Croácia sem o craque Mandzukic. Mas mesmo assim, não me animava. Peguei o metrô no dia da estreia e vi vários croatas gritando e cantando, eu abri um sorriso e vi o amor pela seleção nas vozes deles, mas ainda não era o que eu precisava.


Então fui viajar rumo à minha seleção. Não foi fácil mas dia 16 lá estava eu, na Arena Fonte Nova, atrasada e preocupada com a Raisa que estava me esperando há muito tempo. Nossos lugares eram ruins e distantes de tudo, então vimos a torcida da Alemanha, linda, organizada, cantando mesmo antes da entrada da seleção. Achamos dois lugares ótimos e ficamos lá. Eu não podia acreditar que estava lá, no meio dos alemães assistindo a uma partida da minha seleção, ainda mais no torneio mais importante de futebol. As músicas que eu ouvia na televisão e no antigo winning eleven. Oleeee oleeeee ole ole ole Super Deutschland Super Deutschland Super Deutschland Ole Olee. Dentre outras. Vi Meu Menininho Toni Kroos, o melhor jogador da copa de 2010, Thomas Müller, o melhor da copa de 2006, Lukas Podolski, Neuer, Boateng, Hummels, Höwedes, Lahm, Khedira, Özil, Mertesacker, Mustafi, Götze e. Schürrle no mesmo jogo. Sem contar que eu vi um Hattrick do Müller. Na Alemanha, eu vi um Hattrick do Olic pelo HSV, e havia dito para todo mundo que eu só iria querer outro no estádio se fosse de um jogador que eu considerasse melhor que o croata. E isso aconteceu. Fora isso, eu vi o Kroos cobrar um belo escanteio e Hummels cabecear para o gol. Não preciso dizer que eu gritei como se não houvesse amanhã, certo? No final do jogo, foi uma festa. Nunca tinha visto algo tão bonito. As pessoas fecharam todas as saídas e começaram a cantar, pular, gritar, comemorar. Não tem palavras para explicar como foi. Acho que isso é uma daquelas coisas que só a vivência é capaz de explicar.

Bom, dia 21 chegou e eu estava novamente no estádio, dessa vez mais cedo. O caminho para ele não foi fácil, mais de um km debaixo do sol escaldante para chegar ao Castelão. Tive tempo para conversar com alguns torcedores, dentre eles um do Hansa Rostock que me deu muitas dicas, principalmente profissionais. Incrível o tipo de conversa que podemos ter no estádio se encontrarmos gente civilizada, o que é cada dia mais difícil no dia a dia do futebol brasileiro. O primeiro tempo do jogo não foi dos sonhos,mas não dava para julgar a equipe. A sensação térmica na arquibancada era de 40 graus e no campo era mais quente ainda, dava para entender o mal desempenho dos meninos. No segundo tempo a energia veio a tona com o gol do Götze. Nem a virada de Gana me entristeceu. Muito estranho dizer isso, mas já estava prevendo algo do tipo pelo clima e estado físico dos jogadores. E então Klose marca! Não foi um gol qualquer ou apenas o empate da Alemanha, mas o gol que o fez tornar-se artilheiro das copas junto do Ronaldo. Eu não acreditei na hora, só quando ele deu o tradicional mortal que eu percebi o que havia acontecido. Novamente a torcida explodiu. Ali meu coração foi junto. Eu era uma das quase 60 mil pessoas que viram no estádio esse momento histórico. Aquilo para mim foi mais importante que qualquer vitória. O resultado ficou em segundo plano. Estava usando o colar da vitória, mas se esse era o preço a se pagar para ver o Klose calar a boca de 200 milhões de brasileiros na própria casa, pagaria sempre!!

E essa foi a minha injeção de ânimo. Mesmo com um jogo a caminho e com chances de Toni Kroos marcar o seu, Müller brilhr e ver o Klose tornando-se artilheiro isolado de Copas, já voltei a ser a Juliana de 2009. Não, não a de 2009, porque agora estou mais forte e mais decidida. Que a Bundesliga me aguarde, porque a Juliana voltou e não irá embora tão cedo.





quarta-feira, 18 de junho de 2014

A Saudade na Estrada

Texto escrito no dia 14 de junho de 2014.

Na minha viagem em direção à Copa do Mundo, dormi praticamente a manhã toda no carro, também, não dormi na noite anterior. Bom, quando comecei a prestar atenção nas placas, li B. HORIZONTE, mas não consegui ver a quilometragem. No começo, achei que tinha sido alguma outra coisa e que tinha lido errado. Então, novamente, outra placa, B.HORIZONTE 149 Km. Ler isso me bateu uma felicidade. Perguntei ingenuamente se já estávamos em Minas Gerais e disseram que já fazia um bom tempo. Então pensei "poxa, BH não fica tão longe assim de São Paulo e eu nunca fui". O tempo passou e vi outra placa indicando que a distância era de 107 Km. Pensei no Droog. Poderia parar por duas horas na cidade, almoçar, fazer companhia enquanto ele toma um café (porque eu não tomo) e conversar sobre coisas aleatórias, futebol e twitter.

Parei para almoçar meio-dia no Restaurante Labareda, apenas 60km de BH. Finalmente tive um sinal de internet e pude avisar o Droog onde estava. Foi muito bom e ao mesmo tempo muito triste falar com ele. O anel rodoviário, por onde eu passaria, fica a apenas 1km de onde ele mora. É estranho saber que seu amigo está tão perto e você não pode parar nem para dizer um oi.



Eu achava que essa sensação de estar perto e não poder ver aconteceria apenas dessa vez, mas me enganei. Horas depois de passar por BH, quando estava em Ipatinga, vi uma placa em que estava escrito VITÓRIA →. Logo lembrei de Vila Velha que fica ao lado. Pensei no JP que mora lá e comecei a rir sozinha lembrando de como nos vimos pessoalmente pela primeira vez, de madrugada num hospital da Av. Paulista, no dia do show do Noel Gallagher. Afinal, DFETAs têm que se conhecer de uma forma DFETA. E então bateu uma saudade. Mais de dois anos sem conversar pessoalmente com ele. Incrível como o começo de uma viagem e ler algumas placas podem trazer a tona o que sinto por esses queridos amigos.

Mas o que me deixou muito feliz foi descobrir que essas cidades não ficam tão longe assim de São Paulo, principalmente BH que dá para chegar em 6 horas de carro. Além disso, como a Copa do Mundo chegou, setembro também chegará e iremos fechar o Starbucks só com as pessoas lindas do twitter.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Um adeus inesperado.

É sempre difícil despedir-se para sempre de alguém, principalmente quando você sabe que nunca mais irá encontrar a pessoa, que isso é algo impossível. Eu tive que fazer isso nesta semana, meu coração ainda dói só de lembrar.

Eu perdi uma pessoa na qual eu me espelhava. Era um ótimo profissional e estava no auge da carreira, mas continuava uma criança por dentro. Eu quero ser assim, continuar com o meu lado criança, mas ter uma boa carreira. Eu queria ser como ele.

No seu último dia de trabalho ao meu lado, deixou de lado o terno que sempre usava e veio com a camiseta do Charlie Brown (Snoopy). Era uma prova de seu lado jovem e alegre. Mas esse não era um adeus. Era um "até logo, estou no prédio ao lado agora". Ele, um gerente de comunicação da América Latina de uma multinacional, almoçando com uma estagiária. Conversas, brincadeiras, risadas.

Uma vez fomos ao Starbucks e colocamos em nossos copos Huguinho, Zezinho e Luisinho. Outro dia com o Doug, eles colocaram Batman e Robin.

Além disso, foram muitos conselhos recebidos e muita ajuda na faculdade, no profissional e na vida pessoal também. Alguns trabalhos eu só consegui fazer graças a ele.

Como tudo isso começou? Com um simples "Com licença, me desculpa por atrapalhar, mas preciso falar uma coisa. Você lembra muito o vocalista da minha banda alemã favorita, Revolverheld". Sim, ele lembrava o Johannes Strate, talvez pelo seu jeito, pela barba e os olhos azuis.

Ele era muito bonito, charmoso, extrovertido, era inteligente e estava no auge da carreira. Tinha uma filha linda e uma mulher que tinha acabado de pedir em casamento. Fazia planos para o futuro. Mas em pouco tempo sua vida desmoronou e ele não aguentou. Acredito que tenha desmoronado porque ele quis, porque ele já estava planejando fazer isso há algum tempo e não queria que as pessoas que amava estivessem perto.

Não vou julgar dizendo que ele fez certo ou errado. Há algumas coisas que nos assombram que não tem como dizer para os demais. É complicado, não é algo fácil ou controlável como alguns pensam. É algo sério que precisa de toda dedicação possível.

Chorei muito e evito pensar nisso para seguir forte. Uma pessoa inesperadamente enforcou-se, separou sua alma do corpo antes do tempo e transformou-se em cinzas. O fogo apagou sua beleza, apagou seu corpo, seus olhos, sua voz, suas risadas, mas não o espírito.

Eu ainda o procuro quando passo na frente do prédio onde ele trabalha e no shopping onde ele almoçava. Ergo a cabeça, viro para trás enquanto almoço para procurá-lo. Parte de mim ainda não acredita nisso.

Sua última postagem foi "a vida acaba aos 33". Não! Apesar de todos os problemas, de todos os obstáculos, a vida não acaba quando atingimos uma certa idade. A vida não tem tempo, espaço ou até mesmo corpo. Eu acredito que a alma segue viva mesmo com a morte carnal. Ele estava procurando a paz, espero que ele a encontre.

Então aqui está o meu adeus ao meu querido Robinson Machado, que seguirá sempre vivo e sorrindo dentro do meu coração.