segunda-feira, 23 de junho de 2014

Uma singela injeção de ânimo

Algumas vezes precisamos de um empurrão para lembrar de quem realmente somos e o que queremos. Essa injeção de ânimo e autoconhecimento não vem quando procuramos, mas quando ela quer surgir.


Eu passei por isso. Dúvidas de profissão. O que eu passei nos últimos tempos me fez duvidar do que eu realmente queria, realmente gostava, o que queria trabalhar pelo resto da vida, ou pelo menos por um bom tempo. Para quem me conhece, isso parece uma dúvida besta, pois todos sabem que eu amo futebol. Mas eu estava com essa dúvida, eu não sabia o que eu queria mais.


Quando eu fui à Alemanha, minha primeira injeção de ânimo e de consciência profissional aconteceu. Os jogos do HSV entre Hansa Rostock e meu Sechzig München  foram essenciais para essa conscientização. Acho que não preciso repetir essa história, talvez só relembrar minha relação com as torcidas do HSV e Hansa, as mais fofas, gentis e educadas que eu já vi, ver diversos jogadores que eu adoro, dentre eles o Felix Kroos no jogo de estreia, vi meus meninos do 1860, torci os 90 minutos em pé junto da torcida, senti o que era torcer de verdade, e não essa palhaçada daqui, vi o amor e o significado de futebol.


Foi isso que me deu força para terminar relações internacionais ao invés de abandonar, já que estava na metade do curso quando fui para lá, e depois fiz jornalismo. Hoje faltam seis meses para eu me formar, quem diria?


Mas nessa reta final de jornalismo, eu perdi o ânimo. Eu pensei o seguinte, se eu fizer tudo de futebol talvez isso volte. Nem o tcc que é sobre brasileiros que torcem pela Alemanha, sobre mim e meus amigos e colegas que acompanham a Super Deutschland, conseguiu me animar.


A Copa estava chegando e eu estava desanimada. Não quis e nem consegui ver os amistosos. O que me deixou irritada foi a lesão do Reus e a convocação de Mustafi. Afinal, como torcedora do 1860, meu coração Weiß Blau pedia o Volland na Copa. E então a Copa chegou, Brasil e Croácia fizeram um dos jogos mais roubados e ridículos da história de copas. A seleção brasileira, que entrou como a principal favorita, precisou apelar vergonhosamente para vencer a Croácia sem o craque Mandzukic. Mas mesmo assim, não me animava. Peguei o metrô no dia da estreia e vi vários croatas gritando e cantando, eu abri um sorriso e vi o amor pela seleção nas vozes deles, mas ainda não era o que eu precisava.


Então fui viajar rumo à minha seleção. Não foi fácil mas dia 16 lá estava eu, na Arena Fonte Nova, atrasada e preocupada com a Raisa que estava me esperando há muito tempo. Nossos lugares eram ruins e distantes de tudo, então vimos a torcida da Alemanha, linda, organizada, cantando mesmo antes da entrada da seleção. Achamos dois lugares ótimos e ficamos lá. Eu não podia acreditar que estava lá, no meio dos alemães assistindo a uma partida da minha seleção, ainda mais no torneio mais importante de futebol. As músicas que eu ouvia na televisão e no antigo winning eleven. Oleeee oleeeee ole ole ole Super Deutschland Super Deutschland Super Deutschland Ole Olee. Dentre outras. Vi Meu Menininho Toni Kroos, o melhor jogador da copa de 2010, Thomas Müller, o melhor da copa de 2006, Lukas Podolski, Neuer, Boateng, Hummels, Höwedes, Lahm, Khedira, Özil, Mertesacker, Mustafi, Götze e. Schürrle no mesmo jogo. Sem contar que eu vi um Hattrick do Müller. Na Alemanha, eu vi um Hattrick do Olic pelo HSV, e havia dito para todo mundo que eu só iria querer outro no estádio se fosse de um jogador que eu considerasse melhor que o croata. E isso aconteceu. Fora isso, eu vi o Kroos cobrar um belo escanteio e Hummels cabecear para o gol. Não preciso dizer que eu gritei como se não houvesse amanhã, certo? No final do jogo, foi uma festa. Nunca tinha visto algo tão bonito. As pessoas fecharam todas as saídas e começaram a cantar, pular, gritar, comemorar. Não tem palavras para explicar como foi. Acho que isso é uma daquelas coisas que só a vivência é capaz de explicar.

Bom, dia 21 chegou e eu estava novamente no estádio, dessa vez mais cedo. O caminho para ele não foi fácil, mais de um km debaixo do sol escaldante para chegar ao Castelão. Tive tempo para conversar com alguns torcedores, dentre eles um do Hansa Rostock que me deu muitas dicas, principalmente profissionais. Incrível o tipo de conversa que podemos ter no estádio se encontrarmos gente civilizada, o que é cada dia mais difícil no dia a dia do futebol brasileiro. O primeiro tempo do jogo não foi dos sonhos,mas não dava para julgar a equipe. A sensação térmica na arquibancada era de 40 graus e no campo era mais quente ainda, dava para entender o mal desempenho dos meninos. No segundo tempo a energia veio a tona com o gol do Götze. Nem a virada de Gana me entristeceu. Muito estranho dizer isso, mas já estava prevendo algo do tipo pelo clima e estado físico dos jogadores. E então Klose marca! Não foi um gol qualquer ou apenas o empate da Alemanha, mas o gol que o fez tornar-se artilheiro das copas junto do Ronaldo. Eu não acreditei na hora, só quando ele deu o tradicional mortal que eu percebi o que havia acontecido. Novamente a torcida explodiu. Ali meu coração foi junto. Eu era uma das quase 60 mil pessoas que viram no estádio esse momento histórico. Aquilo para mim foi mais importante que qualquer vitória. O resultado ficou em segundo plano. Estava usando o colar da vitória, mas se esse era o preço a se pagar para ver o Klose calar a boca de 200 milhões de brasileiros na própria casa, pagaria sempre!!

E essa foi a minha injeção de ânimo. Mesmo com um jogo a caminho e com chances de Toni Kroos marcar o seu, Müller brilhr e ver o Klose tornando-se artilheiro isolado de Copas, já voltei a ser a Juliana de 2009. Não, não a de 2009, porque agora estou mais forte e mais decidida. Que a Bundesliga me aguarde, porque a Juliana voltou e não irá embora tão cedo.





quarta-feira, 18 de junho de 2014

A Saudade na Estrada

Texto escrito no dia 14 de junho de 2014.

Na minha viagem em direção à Copa do Mundo, dormi praticamente a manhã toda no carro, também, não dormi na noite anterior. Bom, quando comecei a prestar atenção nas placas, li B. HORIZONTE, mas não consegui ver a quilometragem. No começo, achei que tinha sido alguma outra coisa e que tinha lido errado. Então, novamente, outra placa, B.HORIZONTE 149 Km. Ler isso me bateu uma felicidade. Perguntei ingenuamente se já estávamos em Minas Gerais e disseram que já fazia um bom tempo. Então pensei "poxa, BH não fica tão longe assim de São Paulo e eu nunca fui". O tempo passou e vi outra placa indicando que a distância era de 107 Km. Pensei no Droog. Poderia parar por duas horas na cidade, almoçar, fazer companhia enquanto ele toma um café (porque eu não tomo) e conversar sobre coisas aleatórias, futebol e twitter.

Parei para almoçar meio-dia no Restaurante Labareda, apenas 60km de BH. Finalmente tive um sinal de internet e pude avisar o Droog onde estava. Foi muito bom e ao mesmo tempo muito triste falar com ele. O anel rodoviário, por onde eu passaria, fica a apenas 1km de onde ele mora. É estranho saber que seu amigo está tão perto e você não pode parar nem para dizer um oi.



Eu achava que essa sensação de estar perto e não poder ver aconteceria apenas dessa vez, mas me enganei. Horas depois de passar por BH, quando estava em Ipatinga, vi uma placa em que estava escrito VITÓRIA →. Logo lembrei de Vila Velha que fica ao lado. Pensei no JP que mora lá e comecei a rir sozinha lembrando de como nos vimos pessoalmente pela primeira vez, de madrugada num hospital da Av. Paulista, no dia do show do Noel Gallagher. Afinal, DFETAs têm que se conhecer de uma forma DFETA. E então bateu uma saudade. Mais de dois anos sem conversar pessoalmente com ele. Incrível como o começo de uma viagem e ler algumas placas podem trazer a tona o que sinto por esses queridos amigos.

Mas o que me deixou muito feliz foi descobrir que essas cidades não ficam tão longe assim de São Paulo, principalmente BH que dá para chegar em 6 horas de carro. Além disso, como a Copa do Mundo chegou, setembro também chegará e iremos fechar o Starbucks só com as pessoas lindas do twitter.