sexta-feira, 18 de abril de 2014

Um adeus inesperado.

É sempre difícil despedir-se para sempre de alguém, principalmente quando você sabe que nunca mais irá encontrar a pessoa, que isso é algo impossível. Eu tive que fazer isso nesta semana, meu coração ainda dói só de lembrar.

Eu perdi uma pessoa na qual eu me espelhava. Era um ótimo profissional e estava no auge da carreira, mas continuava uma criança por dentro. Eu quero ser assim, continuar com o meu lado criança, mas ter uma boa carreira. Eu queria ser como ele.

No seu último dia de trabalho ao meu lado, deixou de lado o terno que sempre usava e veio com a camiseta do Charlie Brown (Snoopy). Era uma prova de seu lado jovem e alegre. Mas esse não era um adeus. Era um "até logo, estou no prédio ao lado agora". Ele, um gerente de comunicação da América Latina de uma multinacional, almoçando com uma estagiária. Conversas, brincadeiras, risadas.

Uma vez fomos ao Starbucks e colocamos em nossos copos Huguinho, Zezinho e Luisinho. Outro dia com o Doug, eles colocaram Batman e Robin.

Além disso, foram muitos conselhos recebidos e muita ajuda na faculdade, no profissional e na vida pessoal também. Alguns trabalhos eu só consegui fazer graças a ele.

Como tudo isso começou? Com um simples "Com licença, me desculpa por atrapalhar, mas preciso falar uma coisa. Você lembra muito o vocalista da minha banda alemã favorita, Revolverheld". Sim, ele lembrava o Johannes Strate, talvez pelo seu jeito, pela barba e os olhos azuis.

Ele era muito bonito, charmoso, extrovertido, era inteligente e estava no auge da carreira. Tinha uma filha linda e uma mulher que tinha acabado de pedir em casamento. Fazia planos para o futuro. Mas em pouco tempo sua vida desmoronou e ele não aguentou. Acredito que tenha desmoronado porque ele quis, porque ele já estava planejando fazer isso há algum tempo e não queria que as pessoas que amava estivessem perto.

Não vou julgar dizendo que ele fez certo ou errado. Há algumas coisas que nos assombram que não tem como dizer para os demais. É complicado, não é algo fácil ou controlável como alguns pensam. É algo sério que precisa de toda dedicação possível.

Chorei muito e evito pensar nisso para seguir forte. Uma pessoa inesperadamente enforcou-se, separou sua alma do corpo antes do tempo e transformou-se em cinzas. O fogo apagou sua beleza, apagou seu corpo, seus olhos, sua voz, suas risadas, mas não o espírito.

Eu ainda o procuro quando passo na frente do prédio onde ele trabalha e no shopping onde ele almoçava. Ergo a cabeça, viro para trás enquanto almoço para procurá-lo. Parte de mim ainda não acredita nisso.

Sua última postagem foi "a vida acaba aos 33". Não! Apesar de todos os problemas, de todos os obstáculos, a vida não acaba quando atingimos uma certa idade. A vida não tem tempo, espaço ou até mesmo corpo. Eu acredito que a alma segue viva mesmo com a morte carnal. Ele estava procurando a paz, espero que ele a encontre.

Então aqui está o meu adeus ao meu querido Robinson Machado, que seguirá sempre vivo e sorrindo dentro do meu coração.