quinta-feira, 1 de novembro de 2012

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Nasceu dia 20 de dezembro de 1989, contrariando o que todos os médicos diziam. Queria ser diferente e conseguiu. A pirraça nasceu com ela. A primeira lembrança que tem de vida é de seu aniversário de dois anos, quando seu pai chamara-a para ir com ele e ela saiu correndo. Seria esse um sinal de que ele era uma má pessoa? Acho que isso será um mistério. 

Ela sempre foi uma criança muito chata, adorava fazer coisas repetidas vezes e, dentre elas, ouvir música, em especial a música Me Dá Danoninho. Ela amava e fazia todos ouvirem com ela. Mas ela tinha bom coração. Ela também amava ir à Playlandia. Seu brinquedo favorito era ao fliperama dos Simpsons. Apesar de mal conseguir jogar, adorava-o mesmo assim. Com o Master System, ela passou a deixar parte de sua vida para aprimorar-se cada vez mais. Foi ai que nasceu uma grande paixão. Master System era seu refúgio do mundo, que cada vez mais ela criticava e discordava. Sonic 2 fazia-a sentir-se uma heroína, pois ela salvava o Tails e emocionava-se toda vez que os dois corriam juntos nos créditos finais e viam seus rostos nas estrelas.

Me dá Danoninho já!

(:

Ela sempre gostou de rir, tanto que um de seus programas favoritos era Topa Tudo Por Dinheiro do Silvio Santos. Também adorava desenhos de todos os tipos. Nunca desgrudava do Pity, seu fiel companheiro e amigo. Um cachorrinho de pelúcia branco e cinza com orelhas negras. Ganhou no seu aniversário de dois anos e desde então passou a considerá-lo seu melhor amigo. Todas as risadas, lágrimas, alegrias, tristezas o fiel Pity estava sempre ao seu lado. Se ele pudesse contar todas as lágrimas e lamentações que ela fez a ele, ele passaria um longo tempo contando.

PITY ♥

Sua primeira experiência real numa sala de aula foi aos cinco anos no antigo Pré II. E desde então, começou a sofrer pequenos insultos e preconceito. Ela gostava de brinquedos e desenhos considerados de meninos, como carrinhos e figuras de ação. Era inadmissível uma menina ter boneco dos Power Rangers e as provocações começaram por isso. Mas ela não levava desaforo para casa. Brigava com esses colegas, não fisicamente, mas verbalmente.

Quem quer dinheiro? Eeeeeu
Melhor pegadinha já criada


Ela entrou tarde na escolinha porque já sabia ler aos três anos de idade, graças aos gibis da Turma da Mônica. Ela cresceu idolatrando e apaixonando-se cada vez mais pelas histórias, tanto que o lugar que ela chamava de segunda casa era o Parque da Mônica. Lá ela se sentia livre. Podia brincar o dia todo. Quando a turma estava andando pelo parque, ela segurava a mão do Cebolinha até a porta para que a Mônica não batesse nele, em outras palavras, ela protegia o Cebolinha. Ela devia ser bem corajosa, pois na época, acreditava que os personagens eram reais e ela enfrentava a Mônica.


Mas o inferno começou na primeira série, quando entrou no colégio católico Instituto São Pio X. Insultos e provocações por ela ser muito branca e também por ter uma lancheira considerada de menino por ser azul. O que ela poderia fazer se adorava todas as cores? Com o passar dos anos, a situação foi apenas piorando. Poucas pessoas andavam com ela. Ela apanhava tanto no transporte escolar quanto na escola. Mesmo assim, ela tentava ser aceita por essas pessoas. Quando passou a estudar de manhã, em 2000, tinha apenas 10 anos e já estava na quinta série. Por esse motivo, levou uma surra de um menino que era três anos mais velho que ela e estava na mesma sala. Ela não se sentia superior, ela apenas ficava quieta no canto e evitava conversar com os demais. Cada ano que se passava, ela buscava mais ficar longe das pessoas, mas ela queria se sentir aceita. Sempre escondeu isso da família, não queria se passar por fraca. Era orgulhosa demais para deixar que percebessem, mas ela queria ajuda, ela queria abraços, ela queria que dissessem que tudo ficaria bem. Ela nunca ouviu isso, então aprendeu a lutar sozinha, por mais que isso machucasse. Ela acabou se escondendo no mundo do futebol e dos desenhos/animes. Como ela se sentia segura com ambos, passou a dedicar mais tempo com isso do que com pessoas.
Volte à forma humilde que merece, carta Clow!

Ela sempre dizia que odiava pessoas, mas na verdade, ela gostava demais, mas as pessoas apenas a machucavam.

Quando estava no terceiro ano, decidiu em poucos dias que iria fazer Relações Internacionais. Ela não estava preocupada com o curso em si, ela apenas achava que com ele poderia ir à Alemanha mais rápido. Isso custou quatro anos e meio de sua vida. Ela não gostava do curso em si, apenas de algumas matérias, mas não conseguia se ver trabalhando com elas. Ao invés de ter decidido fazer algo que queria, com que tinha afinidade par, escolheu o que pensava ser o caminho mais fácil. Suas atitudes, pensamentos e comportamento não condiziam com uma ‘internacionalista’, então precisou esconder no fundo de si o que ela verdadeiramente gostava. Dia após dia, aquele curso machucava-a mais ainda. Não por causa dos professores ou das aulas, mas porque ela tentava ser quem não era.


No meio do curso, ela foi à Alemanha, mais precisamente em janeiro de 2009. Esse mês praticamente sozinha num país longe e diferente a fez crescer muito e decidir o que queria para a vida. Queria trabalhar com futebol, com o campeonato que ela amava, que a fazia acordar cedo aos sábados e domingos, a sua Bundesliga. Mas não podia chegar ao Brasil e dizer que iria abandonar relações internacionais e começar jornalismo. Com todo o esforço, ela terminou relações internacionais em 2011 e, um mês depois, estava matriculada em jornalismo.
"É o jogo de estreia do Felix Kroos no profissional."


O problema é que era na mesma faculdade, o mesmo ambiente. Mas ela sentia-se mais livre para sem quem ela era. Voltou a fazer o que gostava, agir como era, ser ela mesma. Mas se mesmo em RI havia preconceito e discriminação para com ela, não seria diferente em jornalismo. Julgavam-na ser metida, exibicionista, falsa, salto alto, etc, porque estava na segunda faculdade. Mal eles sabem todas as lágrimas que relações internacionais fez com que caíssem, quantas noites de insônia por desespero de não fazer o que gostava.

A vida não foi de todo ruim. Com certeza vão dizer que na infância ela ficou boa parte na rua. Não é mentira, mas até na rua ela sofria bullying e ‘discretamente’ apanhava. Só com o tempo, ela pôde perceber o que de fato faziam com ela.

Sobre o futebol, creio que isso deva ser contado separado. Seu primeiro amor foi o Corinthians por dois motivos: Silvio Santos e seu avô materno que morreu quando era muito pequena. O ‘vô Zé’ não falava, pois tinha câncer na garganta e tinha um buraco lá, mas ele apontava para o símbolo do Corinthians e fazia sinal de positivo e quando apontava para os demais times, fazia careta. Ela logo entendeu para quem deveria torcer. Para ajudar seu avô com as palavras, o Silvio Santos foi extremamente útil. Com músicas como ‘doutor eu não me engano, meu coração é corintiano’ entre outras, fixou na cabeça da pequena garota qual deveria ser o seu time. Cresceu amando o Corinthians, tanto que na Copa de 1994 todos insistiram para que ela torcesse pela seleção brasileira e ela negava porque achava que ia deixar o Corinthians triste. Mesmo no futebol, ela pensava nos outros primeiro. 

Ela cresceu e na copa de 1998, percebeu que poderia ter um time e uma seleção, foi quando torceu pelo Brasil pela primeira vez, mas não estava gostando do que via. Ela amava futebol, mas parava de assistir aos jogos do Brasil no segundo tempo. Foi ai que conheceu outras seleções como Alemanha, França, Itália e Croácia. Numa partida da Croácia, ela viu pela primeira vez Davor Suker. Ela ficou encantada, queria entender como uma pessoa era capaz de fazer aquilo. Logo depois, viu o Zinedine Zidane que fazia mais ‘mágica’ ainda do que o croata. Ela não entendia porque diziam que o Brasil era o país do futebol, dos melhores do mundo se, para ela, Suker e Zidane eram infinitamente melhores de todos aqueles que estavam na seleção brasileira. Mas ela torceu pelo Brasil até a final. Quando o Brasil perdeu, ela jurou para si mesma que jamais torceria para essa seleção, porque não era nada como tinham dito a ela. Sentiu-se profundamente enganada. Mas ela não tinha uma seleção, nem se preocupou a ‘escolher’, sabia que mais cedo ou mais tarde sua verdadeira seleção apareceria para ela.

Em 2000, estava na casa de um colega da escola fazendo um trabalho e o pai dele estava assistindo a uma partida do campeonato inglês. Ela, curiosa, foi ver do que se tratava, foi quando viu o Liverpool FC pela primeira vez. Ficou escondida assistindo e quando viu Michael Owen, lembrou se dele da copa de 1998, mas o que a emocionou foi um jogador novo chamado Steven Gerrard, que possuía uma velocidade incrível e tinha marcado um gol. Foi ai que ela comemorou e foi descoberta. O pai do colega a convidou para assistir a partida ao lado dele até terminar e foi o que ela fez. Viu o ‘inédito’ time de vermelho vencer a partida e tinha visto um gol do Steven Gerrard. Não sabia o porquê, mas tinha gostado dele. Decidiu pesquisar mais sobre o time e começou a acompanhar da forma que podia (já que não tinha TV a cabo) o Liverpool. Apaixonou-se pelo futebol do Steven Gerrard e em pouco tempo, passou a considerá-lo seu jogador favorito. 

Cut my veins open and I bleed Liverpool red. I love Liverpool with a burning passion.

Momentos antes da copa de 2002 decidiu torcer pela seleção alemã, não sabia ao certo o motivo e torceu para essa equipe durante a copa. Talvez tenha sido pela cultura do país que misteriosamente ela sempre amou, mas será apenas uma hipótese. E, na derrota diante o Brasil, ela chorou. Pela primeira vez em seu rosto, lágrimas pelo futebol caíram. Foi então que ela descobriu que aquela era a sua seleção. Die Nationalmannschaft, a seleção alemã. E, na mesma copa, ela descobriu onde seu querido Suker, responsável por abrir seus olhos há quatro anos, estava jogando. Num time chamado TSV 1860 München, mais conhecido como Munique 1860. Curiosa, como sempre, começou a assistir a algumas partidas dessa equipe, assim como de todo o campeonato alemão. Paixão no primeiro dia! Mas não assistia direito pelo fato de não ter TV a cabo, mas acompanhava quando possível. Não tinha preconceito, assistia a todas as equipes, sem discriminar ninguém. Ficou muito triste e chegou a chorar quando o 1860 München foi rebaixado. Mas não foi apenas de tristeza que o futebol fez parte de sua vida. Ver o Liverpool campeão da UEFA Champions League, ver a Alemanha ser sede da Copa e jogar bem, ver o primeiro título alemão com os meninos da base sub 19 em 2009 com jogadores do seu 1860 München sendo fundamentais na vitória.




Conseguia muito bem amar seus três times: Corinthians, Liverpool e 1860 München mais a sua seleção alemã. Em 2006, ela conheceu um outro jogador que ela depositou muita fé e deu certo, o Toni Kroos, quem ela carinhosamente apelidou de Meu Menininho. Quando ela conheceu o Toni Kroos, ele ainda estava nas categorias de base do Hansa Rostock e ainda jogava ao lado de seu irmão mais novo, Felix, e era treinado pelo seu pai, Roland. Na metade de 2006, foi contratado pelo Bayern München. Ela não gostou disso, afinal, ele estava indo para o seu maior rival. Mas percebeu que era o melhor para ele, infelizmente. Acompanhou seu trajeto pelas categorias de base da seleção alemã, sua passagem de uma temporada e meia pelo Bayer Leverkusen, sua estreia na seleção profissional, copa do mundo e eurocopa. Cada vez mais ela teve orgulho do “Meu Menininho”, chegando ao ponto de não se importar de ter uma camisa do Bayern München se fosse com o nome e número dele. Se bem que ela preferia infinitamente uma da seleção alemã.
Hallo Toni Kroos ♥ Meu menininho


Sobre seu coração, bom, ela era no fundo romântica, adorava as cortesias antigas que hoje estão extintas. Ela apaixonou-se de verdade por poucas pessoas, cerca de duas ou três. Uma delas, talvez ela nunca se esqueça, porque foi algo forte, algo verdadeiro, foi de todo o seu coração. Talvez ela só tenha gostado dele a vida toda, mas lutou todos os momentos contra esse sentimento. Ela contentou-se apenas com seus abraços, já que nada além disso aconteceu. Talvez seja coisa da imaginação dela, talvez ela não goste de ninguém atualmente, não com toda essa força, e, para não se sentir mal e insensível, acredita que ainda gosta dele.


Lay beside me, tell me what they've done. Speak the words I wanna hear to make my demons run.
 

Ela gostaria de agradecer as poucas pessoas que acreditavam nela de verdade, que viam que ela tinha um futuro. Ela perdeu a esperança em si mesma, mas essas pessoas faziam com que ela tivesse um pouco mais de força, que aguentasse mais tempo. Porém ela nunca mais acreditou que pudesse ser alguém e o que vem dos outros, começa a durar cada vez menos até não fazer mais efeito. Creio que não seja justo colocar nomes, quem foi importante, saberá e muito bem disso.

Dir gehörth mein Herz

A verdade é que ela nunca foi forte para encarar a realidade e precisava de seus diversos mundos e refúgios para suportar isso. Ela tinha um coração muito grande, era educada, compreendia os demais, mas ela nunca conseguiu entender a si mesma. Quem era e o que estava fazendo aqui são coisas que talvez ela nunca descubra. Mas, ela vai lutar até o final, porque a história dela ainda está longe de terminar. Pelo menos, é isso que eu acredito.

When you wish upon a star makes no difference who you are. Anything your heart desires will come to you.
If your heart is in your dream, no request is too extreme, when you wish upon a star as dreamers do.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

"Princesa, por favor não chore..."


Gostaria de deixar um trecho que adoro do filme de Sakura Card Captor, a Carta Selada, o momento em que a Sakura e o Shaoran fazem a apresentação da peça da escola. Na verdade, é minha cena favorita de todos os animes em geral. Quem me conhece, sabe que eu choro nesse momento. Bom, queria compartilhar com vocês.



Rita: Está muito cansada depois de ter lutado na batalha pela pedra mágica com o reino vizinho. Neste baile, todos puseram máscaras para participar.

Meilin: Queremos que se divirta muito nesta festa, majestade.

Sakura: Muito obrigada, mas bailes não são a minha especialidade.

Meilin: Não se preocupe, o melhor jeito de se aprender a dançar é ter um acompanhante com experiência para guiá-la... Venha, dance.

Sakura: Não posso. Por mais que tente... não posso dançar com um desconhecido. Além disso, estou muito preocupada com o destino da pedra mágica. Segundo conta a história, quem possuir aquela joia maravilhosa será dono de um enorme poder. Meu reino tem enfrentado uma longa batalha com o reino vizinho por causa dessa pedra. Como eu gostaria que essa batalha terminasse. Talvez fosse melhor que essa pedra desaparecesse em vez de algum reino possuí-la, assim - todos os problemas acabariam. - Você tem razão.

Shaoran:  Eu também penso como você.

Sakura: Quem é você?

Shaoran: Nesta festa, nós não devemos dizer nossos nomes.

Sakura: É verdade. Para ser sincera, é a primeira vez que venho a um baile de máscaras.

Shaoran: Eu também.

Sakura: É?

Shaoran: Estava sempre tão ocupado que tinha até me esquecido dos bailes. Hoje, meus súditos me obrigaram a vir a esta reunião e por isso eu estou aqui.

Sakura: Me pediram a mesma coisa.

Shaoran: Nós detestamos as batalhas e este é nosso primeiro baile, não acha que nós temos muitas coisas em comum?

Sakura: É.

Shaoran: Quer dançar comigo?

Sakura: Mas não sou muito boa nisso.

Shaoran: Eu também não.

Sakura: Com certeza vou acabar pisando nos seus pés.

Shaoran: Então vou tirá-los do caminho, para que isso não aconteça.

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Sakura: Eu não sabia que você era o príncipe do reino vizinho com quem estamos lutando.

Shaoran: Princesa, por favor não chore. O sorriso fica melhor em seus lábios. Perdoe-me por deixá-la tão triste, mas não posso mais esconder meus sentimentos. Quero lhe dizer... eu quero lhe dizer que me apaixonei por você.

Sakura: Eu não posso. Não posso corresponder aos seus sentimentos agora.

Shaoran: Por acaso não agrado a vossa alteza?

Sakura: Não é isso. Não... é... isso... Agora, eu acho que não... Não, eu não posso dizer! Não posso ter este sentimento! E muito menos, nesta situação. Pelo que mais queira, esqueça pra sempre de mim e não volte a me procurar. Tire-me do seu coração e dos seus pensamentos.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Pupy ♥



Hoje, enquanto eu tomava café, olhei para a minha pequena poodle, a Pupy. Sentei no chão ao lado dela e comi meu pão, dividindo-o com ela. Pensei em sua idade, 10 anos, e também nos problemas de saúde que ela tem, no gardenal que é obrigada a tomar todos os dias e que eu não a terei do meu lado nos próximos 10 anos. Eu chorei, chorei porque não quero perdê-la, não quero que ela se vá, quero que ela seja eterna, quero que ela esteja comigo nos próximos 10, 20, 30, 40 anos. Quero ela pedindo pão para mim, quero brigar com ela por ela ter rasgar minhas fronhas, quero abraçá-la forte até que se irrite e rosne, quero fazer cafuné todos os dias de minha vida naquela cabeça peluda. Quero comprar coisas para ela toda vez que eu viajar para fora. Quero vê-la feliz toda vez que retorno para casa. Quero gritar 'Pupy, vá fazer xixi' várias vezes.
Toda vez que olho em seus olhos, vejo uma cachorra pequena, uma filhote, não a vejo com a verdadeira idade que ela tem. Eu trocaria muita coisa para que ela fosse eterna.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

A banalização do amor


Eu acho que escuto mais a palavra amor do que bom dia. Essa palavra ficou tão banalizada que as pessoas que realmente o sente, tentam dizer de outras formas. 

As pessoas mal se conhecem e já dizem que amam. O amor que dizem sentir não é de fato o amor. O sentimento é confundido com paixão e até mesmo com um simples gostar. É um absurdo! Considero até ridículo. 

Acho que nasci na época errada. Orgulho e preconceito é um ótimo exemplo que tenho de verdadeiro amor. Sei que Lisa e Mr. Darcy não existiram, mas o jeito que a paixão transforma-se em amor é simplesmente lindo. Não é algo simples, muito menos fácil. Às vezes, não queremos aceitar o sentimento que nutrimos pela outra pessoa. Quando aceitamos os defeitos e abrimos o coração, é neste momento que o amor nasce.

Outro exemplo bonito é Bela e a Fera, porque não é algo que nasce do dia para a noite, numa troca de olhares. É algo trabalhado ao longo do tempo e pela força de vontade dos dois. Por isso adoro este filme.

Odeio comédia romântica. Ok, odiar é muito forte, não gosto de comédia romântica. Para mim, esse tipo de filme serve para assistir enquanto eu faço outras coisas ou quando estou com sono, para dormir mais rapidamente. Em outras palavras, serve para deixar televisão ligada, apenas isso. A vida não é assim e, se fosse, seria chatíssima. 

Uma vez me disseram uma coisa que me fez refletir bastante. Paixão é algo irracional, você não escolhe ter esse sentimento pela pessoa, você não enxerga os defeitos, você muda suas atituides e até mesmo sua personalidade para a agradar. Não é algo que você pode controlar, pode-se até dizer que é algo doentil. O amor é diferente. Você escolhe amar a pessoa, você vê os defeitos dela, tem a percepção de que ela não é perfeita e que, na verdade, encontra-se bem longe disso, você não muda ao lado dela, permanece o mesmo, sua essência é imutável. O amor é racional, mas não faz milagres.

Lembrando que aceitar os defeitos do outro não é apenas ver que eles existem. È aprender a viver com eles, não esperar que eles sumirão ao longo do tempo.

Mesmo com minha idade, tenho certeza de que não senti isso. Honestamente eu não sei se sentirei. Mas atualmente isso não me preocupa, acho que sou desligada demais para isso.

Eu acho que não poderia finalizar com outra frase que não seja esta: "O amor é doce, querido Ned, mas não pode mudar a natureza de um homem" Lyanna Stark.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Desabafo? Talvez


Bom, vou escrever aqui tudo o que me aflige, vamos ver se assim parte disso sairá de mim.

Estou cansada dessa falsidade extrema da era digital, pois ela me atinge. Dentro da internet são todos amigos lindos, que dizem que te amam, que sempre estarão com você, para você contar com eles a qualquer momento, mas a realidade é outra. Quando você precisa deles, precisa de um abraço ou dar uma volta para esfriar a cabeça, de um ombro amigo para você chorar e olhar nos seus olhos e dizer que vai ficar tudo bem, eles não estão lá. Essa é a verdade.

Você faz coisas para os outros e eles agradecem na hora, falam que ficam te devendo uma, só que quando você precisa, cade todo mundo? Inventando desculpas ridículas para não sair com você, te ajudar, te dar uma força.
Só que quando falo isso, eu sou a errada, eu sou a cega, eu que não sei dar valor à amizade, mas desde quando fazer o que os outros querem e te largarem quando vc precisa é amizade?

Nesses tempos estou me sentindo sozinha, desanimada, triste e a indiferença das pessoas ao meu redor, que se dizem amigas, em relação a isso me machuca e faz eu me sentir pior, porque é como se ninguém estivesse se preocupando, como se eu fosse um estorvo ou uma peça facilmente substituível. E quando eu saio (o que é extremamente raro) eu tenho que quase ajoelhar para a pessoa aceitar, que merda é essa?? muitas vezes cheguei nesse ponto não mais pela companhia, mas pelo passeio em si, por sair de casa e ir aonde eu queria. 

"ir aonde eu queria" bem entre aspas, né. Quantas vezes eu fui à Galeria do Rock e a outros lugares para agradar? Quantas vezes almocei em lugares que detestava para agradar as pessoas? Quantas vezes parei de falar em alemão e cantarolar perto das pessoas porque estas odiavam isso e só criticavam? Quantas vezes eu tive que engolir uma agressão verbal contra algo que eu gosto para não iniciar uma discussão?
Vocês não são tão importantes assim, portanto isso ACABOU!

Eu sou uma pessoa boa, muito boa, adoro ajudar, ver as pessoas que eu gosto bem, fazer coisas para deixá-las felizes MAS eu não sou idiota, não sou escrava de ninguém. Não deu valor, acabou! É igual relacionamento, porque na verdade, É UM RELACIONAMENTO!

Vocês se sentem mais importantes? Com gostos mais refinados do que os meus? Com gosto melhores do que os meus? Vocês são loucos! E cegos Primeiro que não se pode julgar os gostos alheios e segundo, se fosse possível, os meus gostos são mais ricos em conhecimento e cultura do que os seus.

Por ter sofrido bullying na época da escola e, querendo ou não, até na faculdade, em menor grau, por conta da Alemanha, eu tenho a péssima mania de abaixar a cabeça, mas eu vi que estou jogando todo meu potencial no lixo. Eu sei mais sobre a Bundesliga do que a maioria, inclusive mais do que vários comentaristas esportivos. Eu tenho facilidade para entender e me adaptar em outras culturas mais do que muita gente. Apesar de eu estar mal ultimamente, tenho facilidade em encontrar o lado positivo de tudo! O problema agora é que eu não acredito muito nesse lado positivo. Eu encontro o lado bom das pessoas, mas agora eu quero que todas morram por combustão instantânea. Eu sou criativa, consigo pensar em várias ideias para um determinado assunto, apesar de raramente falar porque eu tenho medo de ser julgada. Não acho que desenho tão bem como falam, mas desenho melhor que muita gente que deveria parar no nível do homem palito e que se acha o Leonardo da Vinci. Sei ser extremamente educada e agir de acordo com a situação: posso ir a um restaurante chique sem passar vexame e comer no boteco da esquina com os dois cotovelos sobre a mesa e ignorar os talheres (apesar de eu não gostar de fazer isso). Posso tratar meus superiores com o maior respeito possível e meus amigos do modo mais informal e querendo ou não mal educado as vezes. Tudo isso de uma maneira simples e fácil. AMO jogar video game e jogo melhor que muito marmanjo barbado que se acha o rei dos games. Não sou a melhor jogadora do mundo, longe disso, mas jogo muito bem. Mas o que eu já escutei por amar video game não está escrito. Meu primeiro herói foi o Sonic, porque no jogo Sonic 2 do Master System ele salvava minha linda raposa de duas caudas, o Tails, desde então, descobri o que é amor a um jogo. Escutar humilhação por conta disso, pelo simples fato de eu considerar video game uma bela distração é um absurdo que sim, acontece até hoje.

Eu tenho, e muita, força de vontade, afinal eu conclui a faculdade de um curso que eu não gostava e agora que eu tenho a oportunidade de fazer o que eu gosto eu sou mesquinha, egoista, exibida, etc. EU DESCOBRI O QUE EU QUERO PARA A MINHA VIDA, SE VOCÊ NÃO DESCOBRIU, F-O-D-A---S-E.

Eu tenho mais amor aos bichos do que às pessoas, pois eles têm sentimentos sinceros. Se um cachorrinho gosta de você, fará de tudo para agradá-lo, ficará ao seu lado o tempo todo, brincará com você. Ele pode fazer coisas que você não goste, assim como você fará coisas que não o agrada, mas nunca serão falsos um com o outro. Se ele estiver momentaneamente bravo com você, ficará num canto da casa sem perturba-lo. Há respeito, há amor, há amizade, há confiança. Isso é tão simples e tão sincero, pena que as pessoas são ridículas a ponto de não concordarem com isso.

Eu sei melhor do que ninguém que tenho gostos estranhos Já começando pelo meu amor incondicional e inexplicável pela Alemanha, Os meus gostos não possuem ligação. são coisas completamente distintas, mas eu consigo juntá-las, o que para muitos é um absurdo. Eu não preciso que ninguém me diga o que eu sou, o que eu gosto ou deixo de gostar. 

E para ajudar, eu tenho meu problema de saúde ridículo que faz eu passar mal do nada e, muitas vezes, quando estou sozinha. Alguns ainda acreditam que é palhaçada. Antes fosse. Antes fosse mentira minha porque eu não teria tomado tanto soro na veia e não teria desmaiado nos lugares mais absurdos possíveis.

Sabe, apesar de tudo, de tudo o que me perturba, inclusive a personificação do mal (vulgo meu pai biológico), eu consigo erguer a cabeça e sorrir. Quem sabe, no final das contas, eu não seja tão fraca assim...

quarta-feira, 25 de julho de 2012

O lenço da fada


Minha mãe estava arrumando o quarto da minha irmã e, durante a faxina, ela encontrou um lenço que minha irmã não usava há muito tempo. Perguntou se eu o queria, eu aceitei, afinal, amo lenços. Como ela me conhece muito bem, alertou-me ao dizer que o lenço era rosa com estrelas pretas e alguns fios prateados. Disse que não tinha problema, afinal, lenço é lenço e não havia problema em usar algo mais feminino.

Resolvi usá-lo no dia seguinte. Estava com uma blusa verde e cinza, com os tons bem apagados e discretos. Minha calça jeans, meu par de tênis adidas e minha bolsa do dragão. Peguei o lenço para dar um ânimo ao visual discreto, afinal, está é a função dele.

Ao chegar no serviço, o primeiro comentário realizado "Nossa Juliana, como você está bonita, parecendo uma fada!" e inúmeras perguntas sobre minha vida pessoal foram feitas. E os comentários continuaram até o almoço. Como eu sigo a filosofia dos pinguins de Madagascar "sorria e acene" não respondi a eles. Não gosto de falar sobre minha vida pessoal aqui. Realmente não tenho nada contra responder perguntas sobre minha vida, mas quando percebo que as minhas respostas serão usadas contra mim mesma em forma de sátira, prefiro não abrir a boca.

No outro dia, eu acabei usando novamente o lenço, mas por correria mesmo. O tempo tinha mudado então procurei meu cachecol, mas não o encontrei. Como estava atrasada, peguei o primeiro lenço que eu vi, e no caso, foi o rosa. Agora com uma blusa roxa, ele estava mais destacado. E talvez o modo como meu cabelo estava preso deu mais motivo. Mas só foi eu sair do elevador que os comentários começaram. Parecia um dejavu, as mesmas coisas ditas no dia anterior foram repetidas, e da mesma forma.

No dia seguinte, não fui com o lenço. Fui mais simples: leg, melissa e uma camiseta branca, com uma estampa de fada azul com detalhes rosas. Estava calor, se eu usasse algo mais que isso, com certeza estaria tirando a roupa no meio da rua, mesmo com os 23 graus. Chegando, novamente mais comentários, desta vez, sobre eu ter me afirmado sobre fada e quem era o indivíduo que tinha feito isso comigo.

Honestamente, não entendo o motivo deles e apenas com minha pessoa. Acho que é porque eu fico calada e eles não sabem sobre minha vida e fazem isso como uma forma de descobrir algo e ter sobre o que falar. Acho que o que dizem é verdade, o silencio incomoda. E aqui, o que mais faço é ficar quieta. Entro no meu mundo, escrevo os meus textos, ignoro as picuinhas alheias, saio no meu horário, sem falar o que farei ou para onde irei.

O nome não pegou porque eu ignoro os comentários. Não ligo de ser uma fada, pelo contrário, só não achem que sou fofa e delicada como uma. Um lenço não molda um carater, assim como qualquer outra peça de roupa. Se eu for uma fada, que me chamem assim pela minha essência e não pelas coisas que uso. Aparência não diz nada. Como eu gosto de dizer "enjoy the beast inside the beauty".

sábado, 30 de junho de 2012

Meu Michael e meu Felix

Não sei se muitas pessoas sabem, mas um dos meus maiores sonhos é ter dois meninos. Isso é sério a ponto de eu já ter decidido os nomes das crianças. Michael e Felix. Mas a escolha não foi tão simples e aleatória
como parece.

Muitas pessoas pensam que Michael é por conta do Michael Owen, Michael Ballack, Michael Schumacher e Felix por causa do Felix Kroos. Bom, se as pessoas acham que eu sou simplista assim, tenho apenas dó delas.Vou contar como essas escolhas aconteceram.

Bom, começando, Michael não é 'maicou', é Michael, pronúncia alemã. Nada de Micael também. Se não sabe como fala, é só perguntar ao tradutor do Google, a fonética dele é boa.

Em relação a história, eu nasci e cresci numa família católica e eu era católica praticante, fiz catequese, primeira comunhão, perseverança, coroinha e ajudava no que podia na igreja. Eu sai de lá por conta de uns  problemas que contarei outro dia, mas eu parei de frequentar, e foi justo na época em que eu estava mal em casa e na escola. Depressão na certa! Mas sempre consegui disfarçar isso, tanto que conto para algumas
pessoas que me conheciam naquela época e elas não acreditam. Não sei se isso foi bom ou ruim, mas pelo menos melhorei.

Eu já pensei besteira e quase a fiz também. Sim, estou referindo-me a suicídio. Hoje acho algo improvável para mim, mas eu cheguei ao ponto de quase me cortar, não nego isso. Durante esse período, eu fiquei mal mesmo e teve uma vez que tive sonho com o, chamado aqui, São Miguel Arcanjo, eu particularmente prefiro chama-lo de Michael e, eventualmente de Mika. Sim, eu converso com ele e rezo para ele assim "Olá meu Michael querido" ou "Mika, meu querido" sempre num tom espontâneo, pois acho isso mais verdadeiro que seguir uma oração "São Miguel Arcanjo, peço-lhe por meio desta oração..." Acho que não devemos tratá-los com medo, mas sim com carinho e amizade, por isso sigo essa linha despojada.

Então, eu sonhei com ele, lembro que ele estava diferente das tradicionais imagens, pois ele sempre é apresentado como loiro de cabelos enrolados, no meu sonho ele tinha cabelo ruivo e liso, mas eu sabia que era ele. Ele disse que me ajudaria em relação a depressão se eu fizesse algo por ele. Eu concordei no sonho e logo em seguida acordei. Assustada com isso, sentei no chão do meu quarto e comecei a refletir, lembrando do que eu tinha sonhado, mas que parecia tão real. Depois de um tempo, olhei para cima e disse em voz alta "Combinado, Michael!" Eu ainda não tinha decidido o que fazer. Pensei em diversas coisas, incluindo até tatuagem. E enquanto isso, eu melhorava aos poucos. Claro que eu me ajudava, mas eu sentia força para me ajudar, o que eu não sentia antes, era ele me ajudando.

Então eu fiz algo para me ajudar a decidir. Prometi entrar na igreja de novo apenas se tivesse uma imagem dele e então diria na frente dela o que iria fazer. Parece algo fácil, mas demorei mais de um anos para decidir isso.Contando com o tempo do sonho, decidir o que fazer, continuar sem saber, procurar a imagem dele, já era 2008. Eu finalmente encontrei! Uma pequena igreja atras da Catedral da Sé (não tinha imagem dele nem lá, bizarro). Quando eu olhei a imagem, comecei a chorar, depois olhei para cima e disse "Michael será o nome do meu primeiro filho! Em homenagem a você! Somente a você!".

Para quem acha que foi apenas uma concidência o sonho com a melhora, há mais coisas envolvendo meu querido Michael.

Quando eu estava preparando-me para ir à Alemanha, não havia decidido a cidade ainda. Depois de vários prós e contras, ficou decidido Hamburg. O que eu sabia até então daquela cidade: HSV, St. Pauli e Porto!Depois que fechamos tudo, lembrei que tinha visto algo sobre Hamburg no meu livro de alemão, peguei e quando abro na página de Hamburg, começo a chorar. Michaeliskirche ficava em Hamburg. A igreja inteiramente dedicada ao meu querido Mika ficava lá e eu iria conhece-la. Mas não terminou por ai. Quando eu recebi o e-mail para ver onde eu ficaria, novamente mais lágrimas. Minha casa ficava menos de 2 minutos da igreja. Eu não apenas conheceria a 'casa' do Michael como ficaria ao lado dela por quase 1 mês.

Cheguei em Hamburg dia 7 de janeiro, depois de uma longa viagem de trem que contarei depois, e só pensava em uma coisa "preciso ver a igreja, preciso ver a igreja" mas estava muito cansada. Do Goethe fui direto para a casa da minha família, chegando lá, descobri que não havia ninguém em casa, mas uma vizinha me atendeu. Descobri que era uma mulher que morava sozinha um pequeno apartamento. Enquanto eu a esperava num dos quartos, escutei o badalar dos sinos da igreja, e mais lágrimas caíram. Foi neste momento que me toquei de fato que estava em Hamburg, na Alemanha. Das janelas do pequeno apartamento, não via a igreja, e minha ansiedade só aumentava. Não fui à igreja no dia seguinte, pois depois do curso, fui andar no centro, e novamente cheguei cansada. No dia seguinte fui conhecer a igreja. Diferente da minha afobação habitual, fui calmamente até o tão esperado local, apreciando os prédios, as árvores, o céu, o clima, as pessoas, quando finalmente chego na rua da igreja, meu coração começa a bater mais rápido, a cada passo sabia que estaria mais perto do meu Michael. Quando cheguei na porta da igreja, fechei meus olhos e dei alguns passos para trás, eu sabia que em cima da porta eu poderia ver meu Michael. Quando abri meus olhos, ele estava na minha frente. Uma estátua com cerca de 3 metros de um anjo esmagando o demônio. Era meu Michael! Aquele que tinha me ajudado e a quem tinha prometido dar o nome do meu filho. Eu chorei de felicidade. Eu mal podia acreditar que estava ali.

Passando os dias, eu normalmente o visitava quase diariamente. Sim, eu ia até a porta da igreja e ficava uns 30 minutos conversando com ele, em português. Poucas pessoas passavam e olhavam, já que preferia conversar com ele por volta das 11h da noite. E eu sabia que ele me escutava.

Quando entrei na igreja, havia um elevador para subir a imensa torre, mas eu preferi ir de escada. Não era uma escadaria rígida, pelo contrário, era de madeira e em alguns momentos, achei que parte dela iria cair, mas segui confiante. Durante toda a subida, que demorou uns 20 minutos, senti o Michael do meu lado, feliz por eu estar lá. Quando finalmente cheguei ao topo, pude ver o panorama completo de Hamburg.Daquele lugar, quase toda a cidade ficava visível aos olhos: o porto, o centro, a Reeperbahn, o Alster, a prefeitura, etc. Era a visão que meu Michael tinha da cidade que ele protegia, da cidade que eu tanto amei.

No dia em que fui embora, eu parei de arrumar minhas malas e fui me despedir dele, cerca de uma hora falando e agradecendo por tudo. A última coisa que falei para ele foi "Michael, meu querido Mika, eu prometo, eu vou voltar. Eu posso ir para München, mas eu venho aqui para te ver. Eu prometo Michael, do fundo do meu coração. Eu vou voltar!" Nesse momento, eu abaixei a cabeça e comecei a chorar, quando olho para cima de novo, um floco de neve cai de um dos olhos dele. Não foi coisa da minha cabeça, pois não estava nevando naquele dia, então não poderia ser apenas impressão. Eu vi o floco cair até o chão. Nessa hora eu tive plena certeza que ele me escutava, que ele sempre me ajudou, que sempre esteve ao meu lado.

Quando entrei no trem com destino a Frankfurt am Main, eu fiquei olhando para tras, até o último momento em que eu consegui ver a Michaeliskirche. Depois que ela sumiu da minha vista, eu disse "Eu vou voltar, meu querido, eu vou voltar!" Eu tenho algumas imagens do meu querido Michael, sempre converso com ele, pois sei que ele está do meu lado, me escutando e dando suporte sempre.

Bom, essa é a história! Creio que não é tão simplista como vários pensaram/pensam.

Sobre Felix, é uma história bem mais curta, mas não deixa de ser importante.Depois de passar uma semana em Berlin, eu e o Vizza precisávamos ir para Hamburg, então pegamos um trem para Hamburg, porém teríamos que trocar de trem na estação de Schwerin. Como eu nunca tinha pego trem de viagem na minha vida, entrei na primeira porta que eu vi sem prestar atenção, e o Vizza me seguiu. Quando entramos, vimos que era um vagão para bicicletas, mas ficamos lá pois havia várias cadeiras para abaixar e sentar, e como estávamos com malas enormes, era mais prático também.

Depois entrou uma senhora com uma criança no carrinho. O trem partiu. Berlin ficava para tras aos poucos e eu só olhava para a mãe e seu filho. A criança dormindo no carrinho e a mãe olhando o tempo todo com sorriso nos lábios. Depois de um tempo, a criança acordou e começou a sorrir para mim, e eu fui brincar com a criança. Não tenho palavras para descrever a sensação maravilhosa de ver aquela criança sorrindo o tempo todo. Aquele sorriso simples e tão sincero. Impagável! Então comecei a conversar com a mãe. Ela me disse que era mãe solteira e que estava viajando para a casa da mãe dela. Perguntei o nome da criança e ela disse Felix. Eu perguntei "Félix?" Mal terminei de falar e ela já me corrigiu "Nein, Felix (Fílix)!" Pedi desculpas e disse que 'Félix' é a pronuncia no Brasil. Ela entendeu e continuamos a conversar e brincar com o pequeno Felix. Ela desceria em Schwerin e de lá pegaria um trem diferente do meu. Chegando lá, despedi-me dela e do pequeno Felix com poucas lágrimas nos olhos. Ela olhou assustada mas logo falei "Não poderia existir nome melhor para o seu filho, Felix!" (Para quem não sabe, Felix significa felicidade em latim)

E ela se foi, com o Felix no carrinho. A criança de apenas 1 ano que me ensinou uma das lições mais valiosas da vida: ser feliz sem motivo!

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Vamos dançar?

A música começa a tocar.
Vamos dançar?
Eu e você. 
Você e eu.
Como se o amanhã jamais chegasse.
Dançar até nossos pés doerem.
Seremos os primeiros a começar
E os últimos a parar.
Mesmo após os músicos encerrarem
Nossos passos ecoarão
Não apenas no salão
Mas por todos os cômodos.
Vamos dançar?
Quero escutar apenas a música.
Seja ela lenta ou agitada
Quero esquecer de tudo.
Meus problemas sumirão na primeira nota.
E com você, nada mais vou desejar.
Mas sei que vou chorar
Na última nota
Da última canção.
Bach, Chopim, Strauß, Handel
Shubertz, Brahms, Vivaldi
Nem Mozart e Bethoveen conseguiram amenizar
A dor que a última nota traz
Mas mesmo assim eu não me importo
Quero música
Quero dançar
Por todo o salão
Sentir a música dentro de mim
Quero espalhar esse sentimento
A paz que as notas me trazem
Mesmo a última nota
Com toda sua tristeza
Com toda sua sua melancolia
Pode trazer a felicidade.
Pois a última nota traz o fim.
Mas a garantia de algo novo
Novo e, quem sabe, melhor.
A saudosa música passada
Traz lugar a uma melodia nova
Que, com delicadeza e capricho,
Preenche nossos corações
Nossa alma
Nosso corpo inteiro
Logo a primeira nota
Vamos dançar?
Para provar que 
Uma simples música
É capaz de trazer a verdadeira felicidade.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

O jogo que mudou meu destino e o rumo de minha vida


Escrito em 27 de janeiro de 2012.

Hoje completam três anos que fui à NordBank Arena assistir a partida entre HSV e meu lindo TSV 1860 München.

Lembro com perfeição daquele dia:

Primeiro acordei, liguei o computador para escutar música e comecei a fazer meu café da manhã. Depois tomei banho e fui me arrumar para ir à aula de alemão.

Tinha combinado com a Erika de patinar sobre o lago depois da aula e num dos intervalos da aula, sai para dar uma volta no centro. Lá encontrei três torcedores do Sechzig, com aqueles coletes cheio de buttons e patchs. Meus olhos se encheram de lágrimas. Era finalmente o dia em que veria meu time alemão, meu pequeno e desconhecido Sechzig München dar tudo de si numa partida da Pokal.

Depois voltei à aula e ao fim, fui para casa almoçar. Estava cansada de comer porcaria na rua, se bem que comer porcaria na rua e comer o que eu cozinhava não tinha muita diferença (obrigada sachê de molho branco com 4 queijos e bacon pronto! Salvou minha existência na Alemanha).

Almocei, entrei um pouco na internet para ver a escalação. Fiquei tão feliz ao ver que os gêmeos Bender iriam jogar, mas chateada porque o Florian Jungwirth nem no banco estava escalado. Era aniversário dele e queria muito que também fosse sua estreia na equipe principal.

Antes de ir patinar, eu fui ao cais, admirar a ida e vinda dos barcos/navios e depois fui à Michaeliskirche conversar com meu Michael. Encontrei-me com a Erika, patinamos, caímos, caímos de novo, foi bem divertido. Posso dizer com orgulho que patinei sobre um lago congelado.

As 17h voltei para casa, tinha que me preparar para a partida que começaria as 20h30. Me troquei, peguei meu ingresso e minha câmera e fui a caminho do estádio. Sozinha! Eu no meio da torcida do HSV. Não tive medo por dois motivos: 1- eles eram fofos e super atenciosos; 2- na época eu não tinha absolutamente nada do Sechzig (não vendia nada dele lá em Hamburg)

Ao chegar à estação, segui a trilha escura, com pouca iluminação, a caminho do estádio. Conversei com alguns torcedores do HSV e do Sechzig durante o trajeto. Já no estádio, passei meu ingresso na catraca e fui procurar meu lugar e algo inesperado aconteceu. Na loja do HSV, eu pedi o ingresso para a torcida do Sechzig. Disse em alemão e em inglês para não ocorrer problema, mas me deram para a torcida do HSV. Eu xingaria o vendedor se ele não fosse um dos  homens mais bonitos e mais charmosos que eu vi na vida (sem exagero).

Sentei no meu lugar, anel superior atrás de um dos gols, tremendo de frio, estava cerca de 4 graus negativos e como o estádio ficava rodeado por muitas árvores, o vento era muito forte. O cara ao meu lado me ofereceu vinho quente, recusei educadamente. Mostrei meu ingresso e perguntei "estou no lugar certo?" ele olhou o número da cadeira e afirmou que sim e eu "ah, achei que estava no lugar errado" e ele "por quê?" "porque eu torço para o Sechzig, eu pedi ingresso para aquele setor" falei apontando para o setor da torcida do TSV.

E o senhor, então, me avisou que tinha duas opções "você pode ficar aqui sem problemas, mas não poderá demonstrar que torce para o Sechzig, mas caso fale ou grite algo, é melhor ir para o setor deles." Não pensei nem 3 segundos, olhei fixamente para os olhos do gentil senhor e falei “muito obrigada e tenha uma ótima partida, até mais!" e segui em direção aos torcedores vestindo o manto azul claro e branco.

Enquanto caminhava para o setor da torcida visitante no anel superior (o estádio é aberto, as pessoas podem andar pelos setores, exceto a parte da torcida visitante no anel inferior que possui grades) vi meu time aquecer em campo. Philipp Tschauner, Benny Lauth, Sven Bender, Lars Bender, Stefan Aigner (recém contratado do Arminia Bielefeld), Daniel Bierofka, Fabian Johnson, Sandro Kaiser,

Fiquei com medo de ser pega no lugar errado e logo que achei um lugar vago perguntei "tem alguém aqui" e o moço "não faço ideia, este não é o meu lugar". Então me sentei ao lado dele. Mal começou a partida e eu já estava chorando. Era o time que eu madrugava sábado e domingo para ver jogar. Os gêmeos Bender estavam lá, junto de Lauth. Aquele momento de felicidade é inexplicável. Descobri que meu vizinho de assento era austríaco torcedor e do Rapid Wien, mas que também era torcedor do Sechzig. Fiquei feliz por isso.

"Siebenundfünfzig, achtundfünfzig, neunundfünfzig, SECHZIG!" A torcida gritava e cantava, e eu junto.

Houve um impedimento marcado contra meu Sechzig, e eu estava tão nervosa, tão alterada que me levantei da cadeira e gritei "bandeirinha filho de uma puta! Pegue a bandeira e enfie no meio do seu cu!" Obviamente vários torcedores olharam para minha cara e um deles perguntou "o que você disse?". Claro que fiquei com vergonha de repetir então sorri e disse "coisas não muito bonitas!"

Depois disso, a tensão aumentou. Olic tinha deixado o HSV na frente do placar, mas eu não estava triste. Estava tão, mas tão feliz por ver o meu time ao vivo que fiquei maravilhada com os gols de Olic. O croata marcou mais dois gols, no terceiro, eu ri e aplaudi, afinal, tinha sido um golaço e estávamos merecendo perder pela péssima atuação. Mas foram nos minutos finais, por volta dos 87, que Daniel Bierofka descontou e marcou o gol para meu amado Sechzig.

Eu gritei como se fosse o gol da vitória do campeonato, como se fosse gol do título, da classificação, mas na verdade aquele gol não alterava a nossa eliminação nas oitavas de final da DFB-Pokal.

Pouco antes do gol do Sechzig, a torcida do HSV cantava “Berlin! Berlin! Wir fahren nach Berlin!” Aquilo me arrepiou. Aquilo me deixou com vontade de apoiar mais e mais meu Sechzig, de ficar ao lado dele sempre! De ver todas as partidas, independente se for vitória, derrota, empate, de quem vier à equipe, de quem sair.

Ao sair do estádio, abaixei a cabeça, chorando, e segui em direção à estação. No momento, eu não sabia o que estava sentindo. Era uma mistura tão grande de sentimentos: felicidade por ver meu time, tristeza por vê-lo perder, amor que aumentava a cada passo que eu dava, a mágoa da derrota e da eliminação. Mas o que nunca passou pela minha cabeça foi odiar o HSV, o Olic e o resto do elenco (meu querido Trochowski estava lá também). Pelo contrário, até hoje, o time que mais adoro da primeira divisão é o HSV e fiquei feliz por ter perdido para ele e não para outro clube.

Como estava atordoada com o jogo, não fui direto para casa. Fui à Reeperbahn esfriar a cabeça, e lá encontrei torcedores do Sechzig. Enturmei-me rapidamente e jantamos assistindo os demais resultados da Pokal.

Voltei para casa mais de meia-noite, sozinha na fria madrugada, mas antes parei no cais, ajoelhei e enfim sucumbi novamente às lágrimas da derrota e da felicidade. Então olhei para cima e disse: “TSV 1860 München, não importa o que aconteça, pode ficar o resto da vida na segunda divisão, pode alterar o elenco toda temporada, eu ficarei ao seu lado sempre. E Liverpool, você será o próximo que pretendo conhecer. Stevie G, você tem uma fã que ainda irá vê-lo jogar pessoalmente, nem que seja em sua última partida como profissional. Minha amada seleção, o título da euro sub-19 do ano passado (2008) foi o primeiro que vi e nem que demore minha vida inteira para que conquiste uma copa do mundo e uma Euro no profissional, você sempre será o que eu mais amo no futebol! Nem Corinthians, Liverpool e Sechzig juntos terão o mesmo amor e mesma importância que você tem! Estaremos juntos na Copa do Mundo do ano que vem (2010), assim como em todas as partidas, em todas as competições, sejam elas importantes ou apenas amistosos.”

Depois de perceber que o futebol era o que me motivava, voltei de finalmente para casa, deitei na cama e dormi, para sonhar com o jogo e reviver tudo o que eu havia passado neste dia.

Um fato curioso: depois desta partida, HSV 3:1 TSV 1860, minha equipe SEMPRE foi eliminada na Pokal por 3 gols de diferença, mas não marcou nenhum. TSV 0:3 Schalke (2009/2010), Köln 3:0 TSV (2010/2011) e Fortuna Düsseldorf 3:0 TSV (2011/2012).

Eu luto todos os dias pensando naquele jogo. Quando o meu time entra em campo, eu sinto a mesma sensação que tive no estádio. O tempo não diminuiu o sentimento, pelo contrário, só aumentou.

Sentimentos antes da estreia alemã na Euro


Inicio da Eurocopa e amanhã minha seleção já estreia contra Portugal.
Estou nervosa. Nas últimas noites mal dormi. Sempre sonhava com algo relacionado às partidas.
Fecho os olhos e já consigo imaginar a equipe lutando em campo para conquistar o quarto título europeu.
Uma mistura de ansiedade com medo toma o meu ser.
Quero o título. Quero finalmente ver a minha seleção principal erguer a taça representando que é a melhor na competição.
Eu não a amarei mais por isso. Eu consigo amar mais minha seleção após derrota. Sempre acho que amo o máximo e sempre bato a cara, porque o amor aumenta.
Quero vê-la campeã porque ela merece. Eu sei que ela é a melhor. Muitos sabem que ela é a melhor. Infelizmente o caminho não é perfeito e muito menos fácil mesmo sendo a melhor.
Amanhã sei que lágrimas percorrerão pelo meu rosto. Indiferente se for de felicidade ou tristeza. Sei que elas estarão lá.
Eu procuro palavras para descrever tudo o que estou sentindo em relação a esta competição e a minha seleção, mas não é fácil.
Quero apenas olhar para cima dia 1º de julho, depois fechar os olhos, relembrar os melhores momentos da competição e gritar do fundo da minha alma: "Deutschland! Deutschland! Deutschland!"

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Eu sonhei com você nesta noite ...

... e  isso mexeu comigo.

Havia uma guerra e eu precisava me preparar para participar na segunda chamada. Minhas habilidades (?) eram úteis e não dava mais para eu ficar sentada esperando tudo terminar.

Eu fui me preparar, coloquei as roupas necessárias, peguei meus acessórios e armas e fui a caminho do regimento pré determinado. Honestamente, parecia algo meio RPG, porque aquilo estava longe de ser farda.

Pelas ruas, passei por uma locadora. Entrei e comecei a observar todos os filmes e jogos que deixaria de assistir e apreciar caso não voltasse com vida. Fui à parte de filmes antigos e comecei a chorar ao ver todos os filmes e desenhos que marcaram minha infância. 
Enquanto secava as lágrimas, escutei um barulho e olhei para a direita. Era você!

Você ficou espantado ao me ver com o uniforme e me perguntou o que eu estava fazendo lá e porque estava vestida daquele jeito e eu disse "não posso mais ficar parada enquanto pessoas estão morrendo. Se eu posso ajudar eu tenho que ajudar e ajudarei." Seus olhos ficaram arregalados e brilharam um pouco graças as lágrimas que começavam a surgir somado da iluminação do local.

Então, você me chamou para dar uma volta e, virando a esquina, você ficou parado segurando firme meus dois braços e me olhando fixamente. No momento, fui em sua direção tentar te beijar, você foi para trás e disse "Não... isso é algo que eu quero fazer." E você me beijou e me abraçou tão forte, tão forte como da última vez que nos vimos.

Mas a sirene tocou. Todos que foram escalados deveriam comparecer ao regimento. Eu não queria sair de seus braços e você não queria me soltar, mas eu tive que ir. O regimento (que ficava a uma quadra de distância da locadora) estava começando a lotar. Com várias pessoas ocupando as mesas enormes (cerca de 100 lugares em cada, no mínimo), todas aflitas, conferindo os pertences de suas bolsas, suas armas e eu só querendo estar no lado de fora, com você.

Tive que me recompor rapidamente, afinal, eu seria importante para a missão. Então sentei com algumas pessoas e começamos a discutir sobre as possíveis táticas a serem utilizadas.

Quando saímos de lá em direção aos ônibus, você apareceu. Com uma rosa vermelha na mão e uma pequena caixa de presentes na outra, vocês as entregou e saiu correndo. 

Eu fiquei parada, perplexa. Eu queria me despedir, mas não te encontrava. Procurei por muito tempo, mas o ônibus estava de partida e tive que subir. Comecei a chorar. Não conseguia mais pensar em nada. 

Resolvi abrir a caixa, nela havia uma carta que estava escrito o seguinte: 
"Eu fui um tolo. Tive você por perto por tanto tempo e só  demonstrei o que sentia quando já era tarde. Não deixe de cumprir com seus objetivos por mim. Não sou digno de pertencer a você. Eu quero que você faça o que tenha que fazer e saia vitoriosa. Não faça as coisas por mim, mas faça-os por você. Sei que agora não adianta mais, mas queria que você soubesse que eu te amo!"

Como eu decorei isso? Eu passei o resto do sonho lendo e relendo essa carta e, quando acordei, por alguns segundos, desejei do fundo do coração que seus sentimentos fossem reais.


sexta-feira, 11 de maio de 2012

Um anjo.


Hoje eu acordei e me comportei como mais um dia comum. Atrasada como de costume, quase perdi o ônibus 260. Mas não estava bem. Com os problemas recentes seria impossível que eu estivesse. Mas, como sempre, tento evitar que os outros percebam isso, não por orgulho, mas porque os outros já tem os seus problemas e não quero que se preocupem com os meus também. Não escondo de ninguém, se alguém me pergunta o que está acontecendo, eu falo, mas não saio gritando para todo mundo também.

Hoje finalmente criei coragem e perguntei ao cobrador se eu possuo o direito de sentar nos bancos especiais devido a minha tontura completamente ridícula. Ele disse que sim, mas que dependia da compreensão e da educação dos passageiros neles sentados.

Como o ônibus estava lotado e não estava com humor de ouvir xingamento logo cedo, resolvi ficar em pé. Porém depois de um tempo comecei a passar mal, resolvi jogar Castlevania para me concentrar em algo e esquecer disso e dos demais problemas, mas estranhamente um moço levantou e deixou-me sentar.

Eu estava nervosa por começar a passar mal cedo e acabei falando alto “passar mal de manhã ninguém merece” e foi quando ele começou a conversar comigo. Mas começou com uma bronca “Você está passando mal? Você deveria ter me avisado para que eu levantasse antes.” Achei estranho a tamanha educação e preocupação que um desconhecido teve comigo. Expliquei a situação e minha tontura ridícula e patética. Ele riu e começamos a conversar.

O tempo foi passando e por um breve momento deixei todas as preocupações de lado e ele me acalmou, sem saber. Senti-me tão bem que nem parecia ter problemas, exceto pela tontura gerada pela pressão baixa.

Então ele desceu, no penúltimo ponto antes de entrar na Rodovia Raposo Tavares. Eu fiquei pensando no que tinha acontecido. Uma pessoa estranha conseguiu de uma forma espontânea e descontraída conseguir animar-me. Isso não é algo comum, muito pelo contrário, é algo de extrema raridade. Eu nunca tinha passado por isso.

Foi uma sensação estranha, como se ele estivesse lá para me fazer sentir melhor e quando ele conseguiu, iria embora.

Tenho certeza que foi um anjo. Eu nunca o vi e sempre pego o mesmo ônibus no mesmo horário.

Quem diria que coisas assim de fato existem. Eu sou muito cética neste aspecto, que pessoas boas aparecem do nada e ajudam os outros quando menos esperam, mas existe! Eu sou prova!

Eu não conversei sobre os assuntos pessoais, não sou maluca de falar essas coisas para um estranho, mas ele me ajudou mesmo assim, em tão pouco tempo. São coisas que não podemos explicar, só podemos relembrar o ocorrido e rir.

Concluindo, anjos existem!

28.06.2011
Resolvi criar isso aqui porque às vezes escrevo alguma coisa e não sei o que fazer.
Começarei postando textos antigos que tenho guardado aqui.