sábado, 27 de julho de 2013

O mito da Friendzone

Com certeza vocês já disseram ou escutaram (ou pensaram secretamente e nunca confessaram a alguém) frases do tipo "ah, eu queria ter um namorado para fazer isso com ele." Esse 'isso' variando de um simples passeio de mãos dadas por um parque até se jogarem de uma ponte juntos. É irrelevante aqui.

Ai seu amigo (ou amiga) acha que pode ser o seu príncipe encantado (sua princesa encantada) e, se não é correspondido, começa a falar que foi jogado na friendzone.

Vamos lá. Primeiro: isso é usado como desculpa para dizer que está solteiro. Segundo: não, não tem segundo. É apenas uma desculpa mesmo. Uma desculpa que virou uma palhaçada sem limite.

Para facilitar, vamos criar uma estória e personagens simbolizando os dois lados dessa situação que chamam de friendzone. O amigo João é perdidamente apaixonado pela menina Maria. Maria quer encontrar uma pessoa legal para ter um relacionamento. João é amigo de Maria há anos, mas decide que pode ser essa pessoa que Maria procura. Mas Maria não gosta de João dessa forma, ela gosta de sua companhia e de sua amizade, mas não o vê como um parceiro para relacionamento. João fica chateado e diz que está na Friendzone. (a estória pode acontecer quando Maria já gosta de alguém também)

Pelo que leio na internet, parece que a Maria está errada por não gostar de João e por procurar outra pessoa. Ela tinha a obrigação de gostar dele sim porque ele era tudo o que ela procurava.

Vamos analisar: Vocês acham que Maria é burra? Acham que ela nunca olhou para João e pensou como seriam os dois juntos? Acham que isso nunca passou pela cabeça dela? Não vou negar que em alguns casos a pessoa nem pensa ou nem liga para isso, mas é raro, muito raro mesmo. Além de que, se a Maria visse isso no João, ela estaria apaixonada por ele e não estaria procurando em outra pessoa.

João: "Mas a Maria é tonta. Gosta de alguém que não gosta dela e eu aqui de braços abertos para ela." Então, qual a diferença da Maria gostar de uma pessoa que não gosta dela e do João que gosta da Maria, que não gosta dele? NENHUMA. Se você acha Maria idiota, você é mais idiota ainda por passar pela mesma coisa que ela e, ainda por cima, não admitir.

Vocês falam que Maria gosta de sofrer, mas o João sofre tanto quanto pelo mesmo motivo. Um pouco de bom senso aqui não mata, ok. A Maria não escolhe de quem gosta, assim como o João. Não é porque eles são amigos e um deles nutre um sentimento forte pelo outro que deverão ficar juntos e terem um relacionamento.

Vocês não acham que se Maria pudesse, escolheria gostar do João, uma pessoa que ela conhece e confia há muito tempo? Que isso facilitaria a vida dela? Que lágrimas parariam de cair a noite, antes de dormir? Maria não é idiota ou má, Maria é humana. Em casos assim, Maria se sente mal pela situação dela e pela situação de João também.

"A Maria não me conhece de verdade." Então mostre a ela quem você realmente é. Ninguém aqui tem bola de cristal, ninguém aqui prevê o futuro lendo cartas, fumaça, procurando o sinistro na xícara de chá. Agite-se, mude, mostre, diga. Quem sabe o "verdadeiro João" não seja mais interessante para ela do que o atual?

Então Daenerys é uma vaca apenas porque ela não gosta do sor Jorah da mesma forma? Ela era obrigada a amar seu cavaleiro da mesma forma que ele a amava?? Um pensamento pré histórico
Já vi relacionamentos que saíram de amizades, assim como relacionamentos que saíram de outras inúmeras formas. Não existe regra. Parem de inventar coisas idiotas para esse assunto. Sem contar que TODOS já levaram um fora e TODOS já deram um fora. Então sem drama.

Maria não escolhe de quem gosta. Às vezes ela sabe que não dará em nada, mas não é algo que ela consiga controlar. Maria gosta de outra pessoa e não de João. Isso não a torna uma pessoa má que gosta de ver o João nessa situação. Muito pelo contrário, se ela pudesse, ela ficaria sim com João. Mas ela não gosta. Ela está procurando alguém que seja interessante para ela ou já gosta de alguém que acredita que seja a pessoa certa.

Resumindo: pare de choramingar na internet. Se você gosta de alguém e não foi correspondido, parta para outra ou lute. Não fique se fazendo de pobre coitado dizendo que foi "friendzoneado" e passando mico na internet compartilhando imagens e mais imagens de situações de "friendzone" porque com certeza a sua Maria continuará sem interesse em você.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Apenas um breve conto


E então ela cresceu. Chegou à fase adulta. Deixou de ser criança. Seus medos bobos sumiram e deram espaço para outros bem piores. Mas isso era o significado de crescer. Não podia mais brincar com bonecas, agora ela tinha virado a boneca aos olhos dos outros. Não era uma adaptação fácil.

Ainda tinha um coração puro de criança, apesar da mente ser bem mais velha e experiente do que sua jovem idade poderia apresentar. Mas essa pureza só trazia tristeza para si. Acreditava que as pessoas eram boas, ou que poderiam se tornar mais maleáveis. Apesar de tudo isso, ela tinha consciência de que o mundo era frio e que as pessoas eram más. Independente do que Rosseau dizia "o homem é bom por natureza; a sociedade que o corrompe" ou até mesmo Hobbes "O homem é o lobo do homem", as pessoas eram más e fim. Mas ela não era.

As pessoas viam nela uma beleza que ela jamais conseguira ver. A vida toda ela fora apagada, chegando a viver como um fantasma. Um fantasma triste e solitário. Sem amigos. Sem ninguém. Um ser que as pessoas esbarravam como se não a vissem, como se não existisse, como se não vivesse. Ela se olhava no espelho e não via nada. Não era bela e nem feia. Ela era ninguém. Mas chegar à fase adulta mudou isso na visão dos outros, mas não dá dela.

Além de possuir um bom coração, ele batia por alguém. Pela mesma pessoa por tantos anos. Ele não sabia. Não. Ele não poderia saber. Quem era ela? Apenas um fantasma qualquer tentando encontrar seu espaço no mundo. Ele não era perfeito. Conhecia os seus defeitos melhor que muita gente. Chegava a achar que os conhecia melhor do que ele próprio. Mas ela o amava. Não era paixão, era algo racional, porém não correspondido. Seu sorriso a acalmava, seus olhos faziam seu coração bater mais forte e sonhava em afagar seus cabelos, mas sabia que nunca o teria.

Ela sentia a dor do mundo em seus braços. Um cachorro debaixo da chuva. Um mendigo dormindo sob trapos na rua. Uma criança pedindo dinheiro no semáforo. Uma pessoa saindo do cemitério com lágrimas aos olhos. Uma pessoa entrando no hospital carregada. Alguém sozinho num café. Tudo a entristecia. Deparar-se com um rosto triste era capaz de a deixar amarga pelo resto do dia.

Seu sonho era discriminado por todos. Ela queria conhecer pessoas. Ela queria visitar o interior dos países e ouvir a história das pessoas. Uma história que só um fantasma poderia conhecer. Ela queria evitar que outros fantasmas como ela surgissem. Na vida adulta, a viam e a elogiavam, mas ela mesma deixou de se enxergar. Ela ainda era um fantasma.

Mas não a deixaram seguir com isso. Apesar de ser um fantasma, ela viveu presa em correntes. Um passo fora da linha e a corrente já a enforcava. Como ela nunca alcançava as expectativas dos demais, as correntes viviam a machucando. Apesar de tudo, era inteligente, mas de nada servia em sua situação.

A vida a ensinou a se divertir sozinha. A criar seu mundo fantasioso e viver dentro dele a maior parte do tempo. Mas crescer significava diminuir as visitas para esse mundo até que nunca mais acontecessem. Só que lá, era feliz. Seu amado a amava. Ela tinha amigos. Ela era livre para fazer suas escolhas. Ela era alguém e não apenas um fantasma.

Mas a realidade é o que importa e lá era um fantasma aprisionado. Vivia pelos outros e não mais por ela. Saiu de casa sem bolsa e sem nada. Apenas com a roupa do corpo. Jogou a chave do portão na garagem. Admirou aquele lugar onde viveu por muito tempo. Virou e seguiu seu caminho. Caminhou sob o sol. Logo a chuva veio e caminhou sob ela também. A lua já estava no topo do céu com várias estrelas e seguiu seu caminho. O sol começou a surgir novamente, então parou.

Ela deitou-se sobre os metais instalados no chão. Não pensou em mais nada. Fitou o céu azul e desejou de todas as forças voar até o infinito, ao lado das estrelas. Sentiu os ferros tremerem e percebeu que uma forte luz se aproximava. Fechou os olhos e pensou pela última vez em seu amado, deixando uma lágrima escorrer pelo rosto. Então sentiu apenas frio.

terça-feira, 9 de julho de 2013

O menino prodígio do crime: Artemis Fowl

Já imaginaram um livro que tem como protagonista um anti-herói mal-humorado e pessimista? Pois bem, é isso que acontece na saga de livros Artemis Fowl, escrita por Eoin Colfer. Ao todo, são oito livros da estória e um extra como se fosse o diário de Artemis.

O primeiro livro, Artemis Fowl, o Menino Prodígio do Crime, foi lançado há mais de dez anos no Brasil, em 2001. Logo em seguida, os volumes 2 e 3, Uma Aventura no Ártico e O Código Eterno, também estavam nas prateleiras de várias livrarias. Muitos podem estar pensando "Como assim? Nunca vi esse livro antes.", mas não duvido que já tenham visto. As capas são extremamente chamativas.



Lembram-se daquela frase "Nunca julgue um livro pela capa?", então, às vezes pode funcionar. Eu comprei o segundo livro de Artemis Fowl no WalMart porque achei a capa linda e bem chamativa, claro que li a sinopse e curti. Um problema que considero grave é não mostrar de forma clara a sequência dos livros, eu não sabia que era o segundo volume, achava que era o primeiro. 


Quase todos que leram esse livro, principalmente no auge de Harry Potter (auge que, ao meu ver, nunca terminou), imaginavam o  Artemis identico ao Draco Malfoy e sonhavam com o Tom Felton interpretando o pequeno gênio. Mas ele não era loiro, tinha cabelos e olhos negros, mas a influência de Harry Potter era tão grande na mente dos leitores que era impossível imaginá-lo de outra forma.

X

Eu posso falar apenas até o segundo livro, que foram os que eu li. Quando eu estava no mega auge de AF, só tinha até o terceiro livro e ele estava muito caro, mais de 50 reais e menos de 300 páginas. Ainda tinha que me preocupar com trabalhos e livros da escola, vestibular, comprar mais livros e dvds de Harry Potter e os etcéteras que a vida nos proporciona que nos impede de comprar mais livros.




Eu gostei muito do que eu li. A leitura é simples e rápida, mas contagiante. Sem contar que os livros (só afirmo isso até o terceiro) possuem escritas em outros alfabetos - cada livro possui um alfabeto diferente - no início dos capítulos ou em nota de rodapé e você pode juntar informações durante todo o livro para decifrar o que está escrito. Claro que há na internet o alfabeto decifrado assim como a escrita, mas é muito legal você descobrir e analisar qual é cada letra aos poucos e você sozinho decifrar as mensagens. Além da internet, no livro Arquivo Artemis Fowl que é como se fosse o diário do menino, possui tudo traduzido. Eu posso dizer com orgulho que eu decifrei os códigos nos meus primeiros livros.


E como falar sobre Artemis Fowl sem citar a linda elfa Holly Short e do mundo das fadas? Artemis descobre a existência desse mundo e quer a todo custo pegar o Livro das Fadas, que pode ser considerado a bíblia do povo que o habita. Então, ele sequestra a Capitã Holly Short, mas ele não sabia que ela pertencia à Liga de Elite de Polícia e então a verdadeira aventura começa pelos livros. Com o tempo, ele ajuda o mundo das fadas e até cria certa simpatia por ele e, principalmente pela Holly Short.


Recentemente o último livro da saga foi lançado: Artemis Fowl And The Last Guardian. Honestamente não sei se irão traduzi-lo para vender por aqui. Para comemorar o lançamento, eu finalmente encontrei mais um livro da saga no sebo, o Código Eterno. Há anos, caço os livros da saga em sebos, mas normalmente sem sucesso



Sabe, eu paguei 70 reais na coleção completa de As Crônicas de Gelo e Fogo (livro tamanho normal) e eu me recuso a pagar 40, 50 reais em um livro de poucas páginas e letras grandes. Acho que é um grande absurdo cobrarem tão caro em livros assim. Em toda a Bienal do livro procuro os livros da saga e eles estão caríssimos. Vamos combinar que em vários stands, os livros estão mais caros do que em lojas, vide As Crônicas de Gelo e Fogo. Fui super feliz à Bienal comprar todos os livros porque pensei que estaria uma mega promoção e no final, sai de lá com vários mangás e um lobo de pelúcia porque os livros estavam mais caros que sites como Submarino e lojas como Saraiva e Americanas. Aproveitando o momento, espero que a Comix e aquele stand com mangás baratíssimos estejam presentes na próxima edição da Bienal aqui em São Paulo. Juntarei dinheiro para completar minhas coleções lá.

Voltando à Artemis Fowl, não sei se fico feliz ou triste por não ter filmes sobre essa estória. As chances de estragarem a narrativa é imensa. É muito fácil pegar uma pessoa pessimista e mal-humorada e transformá-la numa pessoa má, coisa que Artemis não é, sem contar que toda a parte da fantasia em volta da estória pode ser bem diferente e causar outra impressão. Todos que leem independentemente da estória/conto/etc sabem que os livros são imensamente mais detalhados e mostram a verdadeira essência dos personagens e da estória, coisa que não é muito fácil de se passar na série/ no filme.

Bom, com ou sem filmes, Artemis Fowl é uma ótima estória que recomendo a todos!