sexta-feira, 8 de maio de 2015

O que fazemos com a nossa vida?

Os rojões comemorando a virada de ano iluminam o céu, cumprimentamos a pessoa ao nosso lado, piscamos e já estamos na metade de maio. Parece que foi ontem que desfrutávamos dos presentes de Natal e preparávamos os últimos detalhes para o Ano Novo.

E cá estamos, praticamente no dia das mães, que parecia tão distante, e agora está na nossa frente. O que fizemos nesses meses para que eles simplesmente sumissem? As lembranças de "semana passada" misturam-se com as dos primeiros dias do ano. Muitos podem dizer "que bom que o tempo passou rápido." mas será que é realmente bom?

Essa situação me faz pensar em outra coisa, será que estamos realmente vivendo ou apenas existindo?

Eu não sou nova, apesar da minha aparência enganar, eu estou mais próxima dos 30 do que dos 20. E pensar que eu tinha tanto medo da música do Blink 182 quando eles cantavam "Nobody likes you when you are 23" e hoje que já fico pensando nos 30. Capaz de eu piscar e já chegar lá. 

Mas o que é idade, afinal? É algo que realmente importa? Algo que faz o resto das coisas ter sentido? Só podemos tirar habilitação para dirigir com 18 anos, mas conheço pessoas que dirigem bem desde os 13 e pessoas que, mesmo com habilitação, dirigem muito mal e tem mais de 30 anos. Podemos votar a partir dos 16, mas a partir dos 18, é algo obrigatóri,  dando a entender que todos acima de 18 anos têm a capacidade e instrução para escolher os políticos. Então alguém instituiu que 18 anos é a idade em que deixamos de ser adolescentes e passamos a ser adultos, como se fosse um ritual. 

Começam a exigir de nós coisas que nunca nos pediram e nem nos avisaram antes. Parece que temos que nos adaptar a isso rapidamente ou somos a ovelha negra da família.

Devemos ser robos. Agir conforme a sociedade espera. Ter um emprego medíocre para pagar nossas contas e juntar um pouco para viajarmos a cada dois anos. Reclamar das coisas que não melhoram, da vida que continua pacata e fria e não fazer nada para mudar. Casar até 25 anos (mulher) ou até 30 (homem). Ter como único Hobby o futebol de quarta a noite e domingo a tarde. Não podemos comprar bolas, carrinhos e roupas azuis para nossas filhas e muito menos comprar panelinha, casinha e roupas rosas para nossos filhos. Devemos frequentar semanalmente igrejas, templos, mesquitas, etc, exaltar a palavra de deus/deuses e fazer o oposto o restante da semana.

Nós nascemos com um potencial incrível para sermos livres, com um mundo gigante para explorarmos e buscarmos coisas novas ou que nos agradem, mas a realidade é bem oposta. Parece que a única opção de escolha é a forma como viveremos miseravelmente. 

Não. Não, eu não quero isso para mim. E você que está lendo isso, também não deveria querer. Não quero viver a minha vida pelos outros. Eu fiz isso por muito tempo e não cheguei a lugar nenhum. Fiz isso por ser covarde. Não vou inventar desculpas. Meu medo de ir contra isso foi o que não me fez seguir em frente. Mas eu não quero mais. Não vou mais me preocupar com o que os outros vão dizer, seja família, amigo, colega, conhecido, o que for. Nunca é tarde para começarmos a viver a nossa vida. Se eu posso lutar pelo que eu quero, você também pode. Talvez não dê certo, é verdade, mas você só vai saber se tentar e de novo, de novo e de novo.

O coração existe para mais coisas do que bombear sangue e amar outras pessoas. É para você se amar também! Realizar seus sonhos é um ato de amor próprio. Se ame!

No processo de realizar seus sonhos, você vai magoar as pessoas, principalmente aquelas que falaram para você não tentar e criticaram bastante. Mas não se preocupe. É passageiro e bem menos nocivo do que viver uma vida de arrependimentos.

sábado, 18 de abril de 2015

E o que faremos, Sechzig?

Chegou um momento que eu não sei mais o que sentir.

Muita gente acha engraçado, curioso, até mesmo proposital, quando eu falo que torço por um time da segunda divisão da Alemanha. Eu não posso simplesmente falar "Ah, torço pelo Sechzig!". Falar isso acarreta um monte de perguntas como "que time é esse", "como você conheceu", "desde quando torce", "por que esse time", "você não tem mais o que fazer da vida", "você não gosta de ganhar", "é zoeira, né". NUNCA ninguém respondeu "ah, ok". Essas perguntas sempre estiveram presentes e sei que sempre estarão. Legal que para vários times europeus, ninguém pergunta isso, é "qual o seu time" e pronto.



Eu sempre respondo "é meu time", mas não é suficiente. Acham graça, fazem festa porque está na segunda divisão. Ninguém pergunta "como é", "como acompanha", "o que é jogar uma segunda divisão". Ninguém quer saber isso. Só pensam em vencer, vencer e vencer. Uma derrota já abala a todos e deixam-os irritados e insuportáveis. Imagina se tivem que passar por uma temporada com apenas seis vitórias, eu acho que muita gente desistiria, de verdade, ainda mais se tivesse que acordar muito cedo no final de semana, quem tem pique para acordar sabendo que o mais provável é que o time perca? Não é para todo mundo. É para poucos.

Muita gente joga na cara que estamos na segunda divisão. Ninguém sabe o quanto isso machuca ou o quão difícil é. Imagine o time que você ama não ter a capacidade de ficar entreos 18 melhores times da Alemanha. São 18, não são 6. E não conseguir subir desde 2004/2005. Ninguém sabe o quão doloroso é botar uma fé em cada início de temporada e falar para si mesmo e para os outros "é dessa vez que sobe" e não, e só piorar. Ninguém sabe como é ruim perder talentos e os jogadores que fazem a diferença. É difícil ouvir de um jogador que ele ama o time e torce pelo time, mas que simplesmente não dá mais para ficar porque o time não sai do lugar.

A nossa falta de elenco é tanta que jogadores de 2008/2009 fazem falta. Jogadores que ficaram apenas uma temporada. Jogadores que sabemos que não vão voltar. Nós temos hoje Okotie, com certeza ele irá embora. Ele é jogador de primeira divisão e de seleção. Ele não tem porquê ficar aqui e ele não merece isso.

Hoje estamos a um passo da terceira divisão. Ainda faltam 5 rodadas, mas não tem um torcedor com esperança mais. As partidas mais fáceis que iriam nos garantir uma posição legal na tabela, em 7º 8º lugar, de seis delas, vencemos só duas. Eu não entendo porque jogamos MUITO contra o Ingolstadt. Jogamos MUITO contra o Greuther Fürth. Mas ai pegamos um Erzgebirge Aue, um Aalen e não conseguimos fazer nada, jogamos de forma ridícula. Eu não entendo.

Só um milagre para nos tirar dessa situação

Mas apesar de toda dor, toda tristeza, todas essas lágrimas que não param de cair, engana-se quem pensa que eu vou deixar meu time. Eu o amo! Ele é meu time, mais que qualquer outro. Eu sou uma leoa. E por mais fundo que seja o nosso buraco, eu estarei junto deles. Eu tenho uma teoria de que não escolhemos o nosso time, mas de que ele nos escolhe. Se você ama algo de verdade, os problemas são todos superáveis. E eu amo meu Sechzig München e eu estarei ao seu lado sempre.

sábado, 4 de abril de 2015

Pensamentos no ônibus

Já é tarde. Muitas pessoas ainda estão a caminho de casa. Aqui dentro do ônibus, com os fones de ouvido, eu vejo a marginal, vejo os carros, o trânsito, as pessoas nos pontos.

Eis que reparo num trecho da música "não é solidão amar e desejar a vida que não deu as mãos..." Apesar de adorar a música, sempre me perguntei se isso era verdade. A situação de ser rejeitado por alguém pode caracterizar em solidão? Ou é apenas um estranhamento momentâneo?

E quando a solidão existe sem estar faltando alguém específico? Isso é possível?

E quando começo a pensar nisso, começa a tocar "Do You Wanna Bild a Snowman?". Estranha coincidência.

Retomando, acho que a saudade não é de alguém, mas de momentos, de ações, de sensações. Ou será possível sentir saudades de quem você ainda não conhece? Ou que conhece pouco e gostaria de conhecer mais?

E como saber se o que falta é isso ou esse alguém desconhecido? Será que existe alguma forma ou manual que nos ajude a compreender isso?

Será que essas dúvidas só me importunam ou há mais pessoas sem entender ou saber o que fazer? E o que fazer quando você passa por alguém que só uma única troca de olhares te desconcerta e dificilmente você cruzará com essa pessoa novamente? Parar e falar ou simplesmente deixar ir?

Eu já chorei inúmeras vezes por não me entender. Eu acho engraçado e, ao mesmo tempo triste, não conseguirmos entender a nós mesmos e, quando achamos que conseguimos, estamos completamente errados. 

Eu não me entendo e sei que estou muito longe disso. Eu sou uma pessoa curiosa e pessoas diferentes ou com algo a mais me intrigam e atiçam minha curiosidade e interesse. Talvez eu seja a pessoa que mais me interesse pelo fato de eu me descobrir um pouco a cada dia.